O Vaticano anunciou, nesta sexta-feira, ter excomungado o arcebispo ultraconservador italiano Carlo Maria Viganò por rejeitar a autoridade do Papa. Viganò chegou a ser o embaixador do Vaticano para os EUA. Ele foi acusado de cisma pela Igreja Católica.
De acordo com a nota divulgada pela as autoridades católicas, “são conhecidas as suas declarações públicas da qual resulta a sua recusa em reconhecer e sujeitar-se ao Sumo Pontífice, da comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos e da legitimidade e da autoridade magisterial do Concílio Ecumênico Vaticano II”
Ao final do processo penal extrajudicial instituído no Dicastério para a Doutrina da Fé, ele foi considerado culpado de cisma e excomungado. No dia 21 de junho, ele foi convocado a responder as acusações. Viganò tinha até o dia 28 para apontar um advogado. Como ele não o fez, teve um defensor público nomeado.
Tido como um adversário do Papa Francisco, o ex-arcebispo chegou a pedir a demissão de Francisco em agosto de 2018, quando publicou no mesmo site uma lista de acusações sobre sua gestão dos abusos sexuais na Igreja. Vigano, um ex-membro da Cúria Romana, terminou sua carreira em Washington como núncio (embaixador na Santa Sé) entre 2011 e 2016.
Em outras oportunidades, ele chegou a afirmar não reconhecer o Concílio Vaticano II, como são chamadas uma série de reuniões do clero que levaram a uma modernização da Igreja Católica nos anos 60. Consequentemente, ele não reconhecia a legitimidade do Papa Francisco I. Agora excomungado, ele está proibido de celebrar a Missa e demais sacramentos. Ele fica impedido também de celebrar cerimônias religiosas e exercer cargos e funções eclesiásticas.
Em 2020, Viganò chegou a enviar uma carta ao então presidente americano Donald Trump na qual dizia que os distúrbios ocorridos após a morte de George Floyd em uma abordagem policial eram parte de uma “conspiração política”.
“Me sinto muito honrado pela carta incrível que me o arcebispo Vigano me enviou. Espero que todo o mundo – religioso ou não – a leia!”, tuitou o presidente americano em resposta à carta. A mensagem de Trump era acompanhada de um link para o portal católico e ultraconservador dos EUA “Lifesite”, que divulgou a carta do prelado italiano.
Fonte: O Globo