Há cinco meses, o vendedor Marcílio Miguel da Silva, 24 anos, caiu de moto e quebrou o fêmur. Foi internado no Hospital Getúlio Vargas, Zona Oeste do Recife, e aguarda até hoje uma cirurgia para colocação de material metálico necessário para que a perna dele volte ao tamanho normal. Além das dores que sente rotineiramente, o vendedor ficou impossibilitado de conhecer a primeira filha, nascida há um mês. Diante de casos como esse, a Associação de Defesa dos Usuários de Seguros, Planos e Sistemas de Saúde (Aduseps) entrou, ontem, com ação na Justiça para permitir que 78 pessoas em situação parecida com a de Marcílio sejam transferidas e operadas no recém-inaugurado no Hospital Metropolitano Norte Miguel Arraes, em Paulista, Grande Recife.
Antes de entrar com a ação, a entidade percorreu os Hospitais da Restauração (HR), área central da capital, Otávio de Freitas, Zona Oeste, e Getúlio Vargas, constatando a dura rotina dos pacientes. “Não é justo que tenhamos pacientes há mais de 60 dias com fraturas. O Hospital Miguel Arraes é novo e foi construído para atender a essa demanda de pacientes ortopédicos”, afirmou a diretora-executiva da Aduseps, Renê Patriota. Segundo ela, a demora para cirurgias ortopédicas chega a oito meses em alguns casos, como o do motorista Fernando Gomes de Oliveira, 29, internado no Hospital Getúlio Vargas com o fêmur fraturado.
A longa espera é ainda mais difícil para idosos, vítimas constantes de fraturas em acidentes domésticos. De acordo com a Aduseps, a paciente Olinda Andrade Silva, 82, não resistiu e acabou morrendo após dois meses esperando por uma cirurgia no fêmur no Hospital Otávio de Freitas.
Dois meses é o tempo que Ambrosina Luisa de Souza, 104, espera por procedimentos cirúrgicos no Hospital Getúlio Vargas. “Cadê os direitos dos idosos? Os médicos de lá não se importam”, afirmou a filha de Ambrosina, a dona de casa Ivanete Lira, 54, moradora de Vitória da Santo Antão, na Zona da Mata. Desde que a mulher escorregou, caiu na casa da filha, fraturando o fêmur e o pulso, a neta dela, Rose Lira, 26, moradora de Caruaru, no Agreste, mudou-se para o Hospital Getúlio Vargas. “É duro. Já deixaram ela sem comer por quatro vezes para fazer a cirurgia e voltaram atrás”, disse Rose. Segundo ela, após a visita da Aduseps esta semana, os médicos resolveram operar o fêmur da idosa. Porém, ainda falta ser feita a cirurgia no pulso.
A Aduseps afirma que quanto mais tempo os pacientes ficam internados mais chances eles têm de sair com sequelas ou de pegar uma infecção.
Fonte: Interjornal