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Rebaixamento da nota de crédito do Brasil não surpreende economistas

Embora a possibilidade de um novo rebaixamento do Brasil já rondasse o mercado, a decisão da S&P nesta quinta-feira não surpreendeu os economistas. O rebaixamento, dizem, pode até ser usado pelo governo na tentativa de sensibilizar o Congresso para a aprovação da Reforma da Previdência no próximo mês. Mas duvidam que isso realmente aconteça este ano.

— Estava claro que o governo não tinha condições de aprovar mais a reforma este ano e a agência apenas tomou uma decisão mais do que esperada. O timing é positivo para mostrar ao Congresso o que pode acontecer lá na frente, em 2019, se de fato não aprovarem a reforma — diz Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, completando: — Aí, sim, veremos uma queda muito mais acentuada dos ratings. Mas o Congresso este ano decidiu brincar à beira do abismo e o preço disso poder ser voltar à crise lá na frente caso não seja aprovada em 2019.

Para Andre Perfeito, estrategista-chefe da Guide Investimentos, o fato de o governo ter começado a discutir uma mudança na “regra de ouro” foi a gota d’água para o rebaixamento.

— Para as agências, o que importa é o resultado primário das contas públicas, e o país tem registrados déficits primários gigantescos. Isso, mais a dificuldade do governo em aprovar medidas de ajuste pesaram na decisão de antecipar o novo corte da nota do país –diz Perfeito.

Em sua avaliação, o rebaixamento não deverá ter impacto significativo na Bolsa e no dólar, mas sim na curva de juros de longo prazo.

— Haverá um rebaixamento em série dos ratings de bancos e empresas brasileiras, mas o estresse maior será nos juros de longo prazo — diz Perfeito.

Fonte: O Globo