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PT anuncia acordo de não agressão com PSB para sufocar candidatura Ciro Gomes

Em uma negociação de última hora, a cúpula do PT comemora ter conseguido sufocar a candidatura presidencial de Ciro Gomes (PDT) ao convencer o PSB a declarar neutralidade na disputa nacional ao invés de apoiar o nome do pedetista ao Palácio do Planalto. Ciro e sua equipe contavam com a aliança com o PSB para ampliar o seu tempo de propaganda de rádio e TV, o número de parlamentares que fariam campanha para ele, assim como o recurso partidário que poderia ser investido em sua campanha – os 47 segundos de tempo que o PSB tem no horário eleitoral e os 118 milhões de reais do fundo eleitoral do partido não serão recebidos por nenhum presidenciável. Sem essa estrutura, a tendência é que o PDT lance chapa pura, na qual teria aproximadamente 30 segundos de tempo de exposição e 61,4 milhões de reais de fundo eleitoral – valor esse a ser dividido com concorrentes a todos os cargos, não apenas para presidente e vice.

O isolamento do pedetista foi negociado pelos presidentes do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSB, Carlos Siqueira, juntamente com o governador de Minas Gerais e candidato à reeleição, Fernando Pimentel. Em troca da declaração de neutralidade, o PSB recebeu o apoio dos petistas nas candidaturas para governadores de quatro Estados: Pernambuco, Paraíba, Amazonas e Amapá. Por outro lado, os socialistas se comprometeram a retirar a candidatura do ex-prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda, para o Governo mineiro, e declarar apoio a Pimentel. Também estão nas mesmas coligações na Bahia, Acre, Ceará e Maranhão (esta encabeçada pelo PCdoB).

A executiva do PT emitiu um documento reforçando que a legenda insistirá na candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à presidência. Formalmente também convidou o PROS a compor parte de seu arco de alianças nacionais. Esse partido era um com os quais Ciro também negociava a formação de uma coligação. Antes de perder o apoio do PSB, o pedetista já havia sofrida outra derrota quando o centrão decidiu apoiar Geraldo Alckmin (PSDB) ao invés de apoiá-lo. Embora o PSB ainda não tenha formalizado o acordo, porque ainda precisa fazer sua convenção no próximo domingo, ele é já dado como certo.

O caso de Pernambuco

No caso de Pernambuco, o PT abre mão de uma das suas candidaturas estaduais mais fortes. Marília Arraes, neta de Miguel Arraes, era o nome do partido e aparecia em segundo lugar nas pesquisas de intenção de voto locais, atrás do atual governador Paulo Câmara (PSB). A vereadora além de carregar o sobrenome de uma grande liderança, ainda defendia fortemente Lula no Estado mais lulista do país (21% votariam no ex-presidente em resposta espontânea, segundo o último Datafolha. O maior percentual do Brasil). Ciente do perigo que Marília poderia representar para sua candidatura à reeleição, Câmara defendia ferrenhamente a aliança nacional com o PT, o que tiraria a neta de Arraes do campo.

Marília fez um vídeo que circulou pelas redes sociais negando a suspensão de sua candidatura e afirmando que o que estava sendo dito era “mais um grande ataque especulativo”. “Nós estamos firmes. Não vamos deixar que a esperança do povo de Pernambuco seja usada como moeda de troca”. Horas depois, convocou uma coletiva de imprensa para dizer que vai recorrer em todas as instâncias partidárias contra a decisão tomada pela direção nacional do partido e disse se recusar abrir mão de sua candidatura por um “não apoio” do PSB no cenário nacional. Fora da disputa do Governo, existe a possibilidade de ela ser candidata a deputada federal, como desejava em 2013. Se isso ocorrer, novamente no meio do caminho estará a família: a candidatura na qual o PSB mais deve investir para conquistar uma cadeira na Câmara dos Deputados é a de João Campos, filho de Eduardo Campos. João já tem percorrido o Estado e realizado diversas atividades políticas. Nos bastidores, fala-se que seu objetivo não é ganhar, mas ser o deputado mais votado do Estado.

Fonte: EL PAÍS