Dois policiais militares que foram presos em junho de 2017 por integrar uma organização criminosa que roubava, extorquia e torturava vítimas foram expulsos da Polícia Militar de Pernambuco. Portaria do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho, com a exclusão do quadro da corporação foi publicada na edição desta quarta-feira (8) do Diário Oficial do Poder Executivo do Estado.
De acordo com o texto da portaria, as principais vítimas do bando eram empresários do Recife e da Região Metropolitana. Ao todo, em junho de 2017, foram presos cinco policiais e um ex-presidiário, ligado à associação criminosa, que é ex-PM.
Além dos dois policiais expulsos, outros dois foram absolvidos das acusações por “insuficiência de provas” e um ainda segue sendo investigado pela Secretaria de Defesa Social (SDS-PE).
A portaria da SDS-PE narra três episódios envolvendo dois dos cinco policiais. No primeiro caso, cita o texto, um soldado, em 21 de abril de 2016, estava a serviço quando exigiu “indevida quantia em dinheiro” de uma empresária, proprietária de um matadouro em São Lourenço da Mata, na Região Metropolitana do Recife (RMR), para permitir a entrada e saída de caminhões do estabelecimento.
O policial chegou a fechar o estabelecimento alegando irregularidades nos documentos de funcionamento e torturaram e extorquiram a dona do local. O soldado também usou o celular da empresária para manter contato com ela, que chegou a entregar R$ 3 mil.
O segundo caso aconteceu em 16 de maio de 2016. Segundo a portaria, o mesmo soldado, ao lado de outro soldado e “outros indivíduos” afirmavam serem policiais do Departamento de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) quando abordaram um homem e afirmaram ter um mandado de prisão em aberto contra ele.
Os acusados, então, exigiram, com o emprego de violência física e grave ameaça, a quantia de R$ 30 mil da vítima. Eles ainda roubaram R$ 7 mil do homem.
Já no terceiro episódio, em 12 de janeiro de 2017, os dois soldados, ao lado de um terceiro indivíduo, abordaram vítimas e as acusaram de serem traficantes, no bairro de Afogados, na Zona Oeste do Recife.
As vítimas foram algemadas e, sob a alegação de que seriam conduzidas à delegacia, entraram no veículo dos policiais, que começaram a rodar com eles por bairros do Recife. Após agressão física e psicológica, os policiais exigiram R$ 50 mil. Os policiais ainda chegaram a ir na residência de uma das vítimas e, como não encontraram o valor, roubaram objetos e R$ 2,2 mil.
No dia seguinte, os policiais entraram em contato por telefone com uma das vítimas e exigiram R$ 5 mil como condição para devolverem o carro. O valor chegou a ser entregue à quadrilha.
Os dois soldados foram condenados a 21 anos e três meses de reclusão.
Fonte: Folha de PE