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Pessoas que perderam tudo durante a pandemia passam 1º inverno sem casa, nas ruas do Centro de SP

Para resistir ao frio intenso da noite em que São Paulo registrou 4,3ºC (menor temperatura dos últimos cinco anos na capital), José Vagner Ramos de Araújo, de 52 anos, precisou recorrer a um dos colchões dispostos na plataforma do estação Dom Pedro 2º do Metrô. Por algumas horas, teve de aturar o som alto dos trens passando por ali.

Há seis meses morando na rua, o funileiro está entre os que perderam o emprego na pandemia e que agora sobrevivem ao inverno fora de casa pela primeira vez. O G1 conversou com alguns deles e ouviu relatos sobre as dificuldades impostas por uma estação excepcionalmente rigorosa.

“Quando eu estava dentro da minha casa, as noites não eram tão frias. Eu achei péssimo ficar no frio, mas o acolhimento daqui foi muito bom”, disse José Vagner.

Ele passou as noites de quinta (29) e sexta-feira (30) no abrigo provisório montado na Linha 3-Vermelha pelo Metrô e pela Pastoral do Povo de Rua. Destinada apenas a homens, a estrutura tem capacidade para acolher 400 pessoas e oferece, além de colchão, cobertor, sopa e água.

O último Censo da População de Rua de São Paulo, realizado em 2019, registrou que havia cerca de 25 mil sem-teto na capital. No entanto, movimentos de moradia apontam que pandemia fez esse número passar de 30 mil.

Antes de perder a moradia, José Vagner tinha uma funilaria e fazia consertos de táxis. “Eu fali. Não conseguia pagar mais o aluguel de R$ 3 mil, água, luz, funcionário. E acabei vindo para rua. Foi a única solução que tive na época”, afirma.

Crianças visitam os pais na rua

O casal Miriam Conceição Nascimento, de 37 anos, e o marido, Everton José dos Santos, de 40, também não conseguiram arcar com o aluguel de uma casa em São Miguel Paulista, no extremo da Zona Leste da cidade, depois que ele perdeu o emprego de ajudante de obras.

Para estar mais perto dos serviços de assistência social, o casal foi morar, há quatro meses, numa barraca de camping na Praça da Sé, no Centro. Os três filhos – gêmeos de 6 anos e uma menina de 10 – ficam com a avó durante a semana, também na Zona Leste, e passam os finais de semana com os pais, na rua.

Miriam contou que, na madrugada desta sexta, não foi fácil nem abrir a barraca. “Foi terrível o frio, não conseguia nem levantar para pegar as doações”. O marido dela completou: “Foi difícil mesmo, foi bem gelado”.

As doações e entregas de cobertor também foram o que ajudaram a esquentar Samuel Mota da Silva, de 40 anos. “Recebi bastante coberta através da solidariedade de algumas pessoas que vieram a noite e madrugada adentro”, disse ele, que dormiu em uma barraca no Largo São Bento, também na região central da cidade.

Samuel é de Curitiba e trabalhava no setor de turismo, onde já exerceu os cargos de recepcionista e garçom em hotéis e restaurantes. Com a pandemia e sem emprego, chegou à capital paulista em busca de oportunidades que ainda não vieram.

Há um mês vivendo na rua após se separar da esposa, o boliviano Luis Miguel Chipana, de 27 anos, ainda não conseguiu um emprego fixo que o permitisse pagar um aluguel.

Nas noites frias desta semana, encontrou abrigo em uma ocupação embaixo do Viaduto Alcântara Machado. Ele contou ter precisado de cinco cobertores para combater o frio.

Tendas emergenciais da prefeitura

Para acolher a população em situação de rua durante a rigorosa onda de frio, a Prefeitura de São Paulo instalou cinco tendas emergenciais que oferecem oferecer sopa, cobertores, agasalhos e kits de higiene. Na primeira noite, os agentes municipais distribuíram 5 mil sopas e 5 mil bebidas quentes para os sem-teto.

Além da estação de Metrô, duas igrejas sob jurisdição do padre Júlio Lancelloti – a Casa de Oração do Povo da Rua, na Luz, e a São Miguel Arcanjo, na Mooca – abriram as portas para abrigar moradores de rua.

E a Prefeitura também está oferecendo transporte de graça para dois clubes da capital e 40 mil marmitas por dia. A administração municipal ampliou o número de vagas em albergues da cidade para mais 1,3 mil. Destas, 187 são para famílias ficarem juntas, em hotéis.

Apesar dos esforços, ao menos três moradores em situação de rua morreram nas últimas noites na cidade, e as autoridades investigam se esses óbitos foram causados pelo frio.

Fonte: G1

4 comentários sobre “Pessoas que perderam tudo durante a pandemia passam 1º inverno sem casa, nas ruas do Centro de SP

  1. Arlene Freitas

    Aqui em Salgueiro é muito difícil as autoridades não veem esse problema, pois tem gente morando em frente a prefeitura, uma barraca de pano dar para ser vista de longe pois,está armada na praça e fica mesmo na frente da entrada da Prefeitura.Hoje fiquei sabendo que já tinha uns babões reclamando com os que estão morando lá para procuraroutro lugar pois lá eles não podia ficar.

  2. Izilda Antonia de Sá

    É verdade! Aqui em São Paulo – Capital são 60.000 mil moradores de rua! Equivalente à cidade de Salgueiro inteira!! É dramático. Mas nosso Governador João Doria é um estadista no amplo sentido da palavra. E montou uma – operação de guerra- para ampara- los, especialmente agora neste inverno, com temperatura de 4 graus.

  3. M. Carvalho

    Enfim, esse é o país sonhado pela elite brasileira e sua classe média medíocre, que preferem um governo liberal preso ao capitalismo que enriquece quem já tem e aumenta a pobreza. Um país com tantas riquezas nas mãos de meia dúzia de empresários e o restante da população a deriva, morrendo de fome e frio. Com maior índice de desigualdade social. Então vc que apertou o 17 não adianta fazer caridade pra se sentir Cristão, vc é culpado por tudo isso que está acontecendo, por toda essa miséria que se instaurou no país. #ForaBolsonaro

    1. Jm

      E o socialismo de cuba e argentina ?
      E outra, mandem ficar em casa que a economia agente ver depois. E outra o nove dedo ta dizendo porai que o Brasil tem que seguir o exemplo da china comunista.