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Palavras do Bispo I

IMG-20150614-WA0001Na última sexta feira, 12, o Bispo Emérito de Petrolina, Dom Frei Paulo Cardoso da Silva e o de Salgueiro Dom Magnus Henrique Lopes, receberam na Câmara Municipal os títulos de cidadãos deste Município, propostas da Vereadora Fátima Carvalho e do Vereador Aumir Ferreira.

Nesta oportunidade repassamos para os leitores, trechos do discurso de Dom Paulo. Oportunamente traremos de Dom Magnus:

Lisonjeado pela lembrança e destaque da concessão do título. No dever de o considerar não tanto como um “status”, mas como uma interpelação, mas apelo ao serviço.

Acolhi de bom grado, sobretudo porque todos sabemos o que representa a atual organização política do Brasil, o Poder Legislativo, para a construção dos destinos dos Municípios. Seguramente mais do que os outros poderes, pois além de serem responsáveis pelas Leis que regem a comunidade, têm também a importantíssima missão de vigiar o seu cumprimento e execução.

Presente e atuante numa sociedade laica, longe da Igreja a pretensão de querer imiscuir-se na própria organização política como tal. No entanto a Igreja proclama-se e é, de fato, “perita em humanidade”, na expressão muito feliz do Papa Bento XVI. Por isto deve estar interessada por tudo que diz respeito à plena realização da pessoa humana.

A política é vista pela Igreja como verdadeira “arte cristã” de construção da “polis”, na antiga concepção grega.

É neste sentido que os Papas, a partir de conhecidos documentos que tratam da realidade social, têm insistido para que cristãos, como cidadãos de pleno direito, participem da vida pública, participem na política, com a reta intenção de buscar o bem comum, e não o seu interesse particular ou de algum grupo.

É difícil abordar este tema sem constatar que, infelizmente, a política vem sendo corrompida pelos maus políticos. Mas justamente por isto, o verdadeiro cristão, a verdadeira cristã, são chamados a ser o fermento transformador desta realidade.

No Brasil, os senhores sabem melhor do que eu, estamos diante de uma triste situação política. Nossas instituições estão fragilizadas: o Judiciário passou a fazer leis no lugar de um Poder Legislativo anêmico; o Executivo

parece ter comando sobre ambos, e assim vivemos numa democracia frágil, facilmente dominada pela corrupção e interesses espúrios.

Os políticos são, em sua maioria, eleitos por corporações, partidos e empresas, e até pretensas “igrejas”, os quais formam “lobbies”, bancadas interesseiras, de modo que o “bem comum” de todos fica prejudicado. Os seguimentos e corporações que financiam as campanhas políticas dos candidatos, naturalmente cobram depois deles alto preço. Bilhões de reais tem sido roubados nos últimos anos, recursos que deveriam ser aplicados em projetos sociais de elementar necessidade.

Enquanto isto, segundo dados da Transparência Internacional, o Brasil aparece como um dos países mais corruptos do mundo. Sobre 91 países analisados, ocupa o 69º lugar. E o pior, no Brasil, a corrupção passa a ser considerada como “natural”, e portanto campeia solta e usufrui da vergonha da impunidade.

E se fôssemos falar das tantas mentiras com as quais se procura manipular a população. Lembro os casos da transposição das águas do São Francisco, da Transnordestina, para ficarmos mais perto de nós.

Paralelamente a tanto desmando, preocupa a constatação da imoralidade campeando em outros projetos de leis, como o PL 122 que pretende aprovar o casamento de pessoas do mesmo sexo. O governo tentou introduzir nas escolas o “kit gay”. A manipulação de embriões foi aprovada pelo STF. Pretende-se a legalização da maconha, da prostituição e da eutanásia no novo Código Penal. Cartilhas obcenas para crianças e preservativos são distribuídos em escolas públicas. O aborto está sempre na mira de aprovação.

Nega-se a lei de Deus e a lei natural. Nesses dias, a mídia destacou a parada gay de São Paulo contando com apoio publicitário de entidades financeiras “sérias”, arrogando-se inclusive o direito de ferir sentimentos e convicções cristãs, católicas, com vilipêndio gravíssimo à imagem de Cristo, nosso Salvador.

Desculpando-me por este “parêntese”, tocando por alto um assunto que merece uma atenção muito especial de nossas Assembleias Legislativas pelo Brasil afora, volto à questão da política como, em larga escala, vem sendo exercida no Brasil.

Aos poucos, os políticos e os partidos “espertos” vão dominando tudo. Os políticos fracos são aliciados com emendas e dinheiro fácil. Os pobres são manipulados com assistencialismos enganadores. E o povo que, na sua maioria não lê e não tem senso crítico, é dominado com a “política do pão e circo”. A propósito, note-se como, nos recentes cortes anunciados pela Presidente da República, não se tocou, pelo contrário, foram aumentados os recursos para a “bolsa família”.

Enquanto isto, não acontecem as urgentes reformas: política, tributária, trabalhista, educacional, etc.

Ora, não acontecerá nenhuma reforma profunda, sem um povo politicamente consciente e organizado, pressionando de baixo para cima! Portanto, é urgente a participação de cristãos autênticos no mundo da política, com reta intenção. É preciso que entrem na vida pública. Como cristãos, já passou da hora de nos organizarmos, nos unirmos e fazermos uma ação política conjunta, alicerçada na Doutrina Social da Igreja, para a transformação da sociedade segundo a vontade de Deus.

Não temos mais o direito de pecar por omissão. Marthin Luther King, o pastor negro americano assassinado em 1963, dizia: “Não tenho medo do grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. Tenho medo é do silêncio dos bons”. Assim, é necessário que os cristãos se organizem em associações, uniões e institutos com o objetivo de preparar candidatos bons, para atuarem na política, com reta intenção, buscando apenas o bem comum, sem se deixarem corromper pelo sistema apodrecido que aí está.

A tremenda falta de “credibilidade” de nossos políticos, em geral, leva a muitos a ver a política como “coisa suja, imoral”, esquivando-se a interessar-se pela coisa pública.

Poderiam os senhores e as senhoras estarem se perguntando: “Que tem tudo isto a ver com a concessão de um título a um bispo emérito e ancião?”

Quis abordar por alto tais temas, porque sabemos que uma desejada “macro” e “profunda” reforma começa pequena, no âmbito municipal, sobretudo a partir das Assembleias Legislativas.

Assim, enquanto reitero meus agradecimentos por este título que muito me honra, meus desejos que, para os senhores e senhoras, ser vereador, ser vereadora, significa acima de tudo um ato de amor aos munícipes, um ato de amor ao Brasil, fazendo da política uma verdadeira “arte cristã” de construção do bem comum, no qual todos, em especial os menos favorecidos, tenha acesso a vida digna, conforme o projeto de Deus da Vida, que mandou Jesus ao nosso mundo, “a fim de que nele todos tenham vida!”.

Da redação do Blog Alvinho Patriota

Um comentário sobre “Palavras do Bispo I

  1. Jornalista Machado Freire

    Defendo que todos os cristãos sertanejos levem para casa e coloquem debaixo do travesseiro esta fala de frei Paulo Cardoso.

    Que as escolas tirem cópias e repassem para as crianças e adultos, que hoje vive (com raríssima exceção) p.regados no celular vendo cenas imorais e indecentes.

    Que os pais de famílias sigam esta mesma lição.

    Que os políticos, principalmente meia dúzia de prefeitos que “se acham” aprendam a conviver com a pulação, numa sociedade plural e deixem que as finanças públicas sejam conduzidas de forma decente, sem a necessidade de distribuir (e receber) propina com empresários.

    E os vereadores, com esta “cartilha” da vergonha, tão bem repassada por frei Paulo Cardoso
    sirva também como uma “regra do bem viver” dos parlamentares que foram eleitos para zelar pela coisa pública, defendendo a população e fiscalizando os prefeitos, que não podem se considerar, jamais, como verdadeiros “donos do mundo”.

    A maioria destes ainda olha no retrovisor enxergando os velhos tempos do coronelismo.

    Pra frente é que se anda, com decência e o mínimo de honestidade, que é algo de uma vastidão incomensurável!.