A ONG pernambucana Gestos, que cuida dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV, quer retratação da Rede Globo a respeito de comentário feito por uma participante do BBB 14. A advogada Ângela, 26 anos, afirmou, em relação às pessoas que têm HIV: “vamos matar todo mundo”. A ONG publicou nota de repúdio onde cita que o Ministério da Saúde e o Ministério Público Federal devem determinar a retratação da emissora em rede nacional. A Organização também promete tomar medidas judiciais cabíveis.
O comentário foi realizado na última sexta-feira (14) e causou revolta entre internautas e telespectadores do programa. A Rede Globo retirou do YouTube vídeos que postavam o comentário da participante. Ângela se posicionou em diálogo com o participante Cássio, sobre os gastos do governo com remédios para a doença. A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) e a Agência Nacional de Aids também divulgaram nota de repúdio contra o comentário da integrante.
Uma das coordenadoras da Gestos, Jô Menezes, afirmou que o mais grave é que o comentário foi exibido na parte editada do programa. “O que a gente acha mais grave é que a Globo editou e deixou essa barbaridade no ar. Além disso, vários assuntos são ressaltados pelo Pedro Bial, mas, nesse caso, nenhuma observação foi feita pelo apresentador.” A reportagem do Diario entrou em contato com a assessoria de imprensa do BBB 14 e aguarda resposta.
Veja nota na íntegra:
A Gestos, organização não governamental que desde 1993 atua na defesa dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV vem, através desta nota, somar- se às diversas ONGs, fóruns, redes e articulações brasileiras para manifestar nosso repúdio ao fato ocorrido no programa da Rede Globo de Televisão “Big Brother Brasil”, da última sexta-feira, 14 de março, transmitido em rede nacional, no qual a participante (Ângela), conversando sobre a situação do HIV, sugeriu que, como forma de erradicação da doença, fossem exterminadas todas as pessoas que vivem com HIV. Ela utilizou a frase “…vamos matar todos…”.
Esse tipo de afirmação incentiva a criminalização das pessoas que vivem com HIV e fere veementemente o artigo 3º, inciso IV da nossa Constituição Federal, que veda todo e qualquer tipo de discriminação, artigo 5º caput e inciso XLVII que veda a pena de morte, a Declaração Universal de Direitos Humanos, a Declaração das Pessoas que Vivem com HIV, Código Civil, Código Penal, enfim, a nossa legislação brasileira e tratados e declarações internacionais como a UNGASS (Declaração de Compromisso sobre o HIV/AIDS) ratificadas pelo nosso país.
Comentários como este apenas provam que, mesmo após mais de três décadas de epidemia, as violações exercidas contra as pessoas vivendo com HIV e os estigmas continuam proliferando nas suas diversas representações sociais o que, em hipótese alguma, o movimento AIDS e o Estado brasileiro podem permitir. É preciso combater a intolerância e a desinform ação que apenas servem para estimular o preconceito e a discriminação e incentiva a criminalização das pessoas que vivem com HIV.
Assim, além da presente nota ser de repúdio também tem objetivo de requerer ao governo brasileiro através do seu Ministro da Saúde Dr. Arthur Chioro e ao Ministério Público Federal que determinem à Rede Globo que se retrate em rede nacional, além de tomarem as medidas judiciais cabíveis.
Fonte: Diario de Pernambuco