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O mata-pau

No ano de 2005, fui contratado para um trabalho no interior do estado do Maranhão, saboreava bastante o arroz de cuxá e algumas vezes era necessário ir até a uma parte da instalação fabril que ficava localizada numa clareira feita no meio da mata fechada, composta na sua maior parte por pés de babaçu e outras árvores nativas.

Foi numa dessas idas que dei de cara com uma árvore que estava sendo “devorada” por uma outra denominada por MATA-PAU, personagem esse que tive o primeiro contato através da obra de Monteiro Lobato em “Urupês”.

Aproveitei a ocasião e tirei algumas fotos, eis duas:

Veja na foto da direita em detalhe, a ação do mata-pau abraçando e sufocando a árvore. Quando ela termina de envolver a “vítima” toda, ela passa a criar raízes fincando-se no solo e assumindo todas as funções da planta hospedeira.

A Wikipedia a definiu assim:

“O Mata-pau ou figueira-vermelha (Ficus clusiifolia) pertence à família das moráceas, nativa do Brasil, é uma das árvores que se comportam como estranguladoras.

Ocasionalmente germinam sobre outras árvores, e crescem como epífitas até que suas raízes alcancem o solo. Então as raízes engrossam, crescem em volta da árvore hospedeira, até que a figueira a sufoca por cintamento ou compete com a planta hospedeira na absorção de água do solo, que acaba morrendo. Seus frutos são vermelhos, pequenos, mas saborosos.”

No alto ela também vem a dominar a paisagem formando uma grande copa. Quando chega nessa fase, não tem mais jeito, a vítima já está entregue.

O Mata-pau utiliza toda a estrutura pronta da árvore para subir, pois por méritos próprios ele não tem competência para isso, utiliza da seiva e se aproveita do primeiro momento de fragilidade da vítima. Quando está lá em cima e com toda a “bagagem” suficiente nos seus galhos, termina com a sua ganância, por isolar, anular e matar sua presa.

Se você partir um mata-pau no meio verá que seu interior é vazio, oco.

No Brasil, o Mata-pau está muito presente, é uma espécie que utiliza da estrutura feita por outras para assumir posições e crescer, mas ao dominar a situação passa a querer isolar o seu apoiador, não tomando conhecimento de valores como gratidão ou solidariedade.

Perde-se a memória dos eventos recentemente passados.

Aproveitador, ausente, oportunista, preguiçoso e maldoso, o Mata-pau sempre age na covardia, não faz nada, não cria nada, não decide nada e não constrói nada. Literalmente é um cara-de-pau.

Tenha muito cuidado com o Mata-pau, olhe as suas folhagens, identifique-o antes que seja tarde, não lhe dê confiança, ele pode estar lá em cima, na luz do Sol, pode ter a maior cabeça do mundo, mas se você fizer uma tomografia nela, verá que no seu interior não tem nada, é sem conteúdo.

Basta!. Chega dessa espécie com sorriso de bola de festa que ao estourar mostra que só tem gases.

De uma coisa o mata-pau pode ter certeza, os seus movimentos são muito bem visíveis…

…e fotografados.

Péricles Tavares é de Verdejante-PE, Proprietário da empresa CADNORTE LTDA – consultoria de projetos industriais e ambientais (www.cadnorte.com.br), engenheiro ambiental, técnico em mecânica, técnico em saneamento, programador e analista de sistemas em CAD.

6 comentários sobre “O mata-pau

  1. ivan tostes

    Caro amigos tenho um pequeno sitio no interior do RJ,estou muito preocupado com um tipo de parasita que encontramos por lá tipo um [ramo] que localiza nas arvores plantas .mas oque me assustou que essa praga sobrevive até no arame farpado oque eu faço por favor se pude me ajudar ficarei grato dês de já obrigado.

  2. Jose Wilson Almeida

    Os comentários do cientista de Verdejante são pertinentes se focarmos no cenario atual da política nacional.(Os políticos).
    Ainda mais se pesquisarmos o DNA da árvore genealogica desses nossos representantes pois a exemplo do mata pau, para manterem a copa frondosa; a aparencia pujante, tornam-se sanguessugas, mensaleiros, …., parasitas como a árvore nativa encontrada no interior do Maranhão. Região que por sinal conheço bem
    ….E por falar em Maranhão, como tem mata pau, cara de pau naquela região do Brasil !!!

  3. Gilson Alves

    A pergunta que não quer calar: Como fazer para combater à ação nociva do Mata-pau?
    A propósito disto cientistas japoneses, piauienses, americanos e cearenses, reunidos em uma cúpula exclusivamente direcionada para tal fim, após anos de incessantes estudos e experiências mil, notadamente realizadas neste lado do hemisfério, tornaram público a descoberta de um antídoto contra essa praga a que denominaram de “Elettionnes”, cujo providencial medicamento (em fase de testes desde o ano 1982) pode ser adquirido em três versões: “Federralles”, “Estadualles” e “Munnicipalles”, sendo certo que esta última dosagem serve para extirpar com idêntico êxito uma outra erva daninha do cenário vegetal e político: o cara-de-pau!
    Sabe o que é melhor disso tudo? Esse medicamento não tem patente, é gratuito, e pode ser encontrado nas melhores consciências do mercado.
    Parabéns senhor Péricles, pela singularidade do texto e pela correlação (ou similitude) inevitável com a realidade sócio-política que ora vivenciamos.
    Congratulações ao blog do Alvinho.