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“Nós estamos vivendo uma guerra psicológica”, afirma prefeito de cidade com risco de rompimento de barragem

Moradores de Barão dos Cocais (MG) vivem um clima de tensão desde que a Vale divulgou, na última quinta-feira (16), que a barragem de Gongo Soco pode se romper nos próximos dias. Em entrevista ao programa Gaúcha+, o prefeito da cidade Décio Geraldo dos Santos disse que os riscos têm deixado “a população doente”:

— Nós estamos vivendo uma guerra psicológica. Imagina, você está com isso daí, tentando levar uma vida normal. É quase que impossível. Hoje eu falo que, ao contrário de Brumadinho, nós não tivemos, graças a Deus, morte em lama, mas a cidade está morrendo. As pessoas estão com depressão, (há) tentativas de suicídio, tudo está acontecendo no município — afirmou.

Ainda em fevereiro, parte da cidade foi evacuada devido aos riscos da barragem. Na época, 500 pessoas das comunidades de Socorro, Tabuleiro e Piteiras, próximas à construção, deixaram suas casas.  Barão dos Cocais fica a 146 quilômetros de Brumadinho, onde uma barragem se rompeu em 25 de janeiro deste ano.

— Realmente a nossa cidade está sofrendo muito. Eu duvido que tenha uma cidade ou Estado no país que está passando tudo o que a gente tá passando.  — disse Décio.

Documento da Vale

Segundo o documento da Vale, responsável pela barragem do Gongo Soco, que está desativada, foi identificada uma deformação no talude (encosta que garante estabilidade) na cava da mina. O texto afirma ainda que as trincas da estrutura estão evoluindo e que a movimentação dele está aumentando. O documento foi repassado pela Vale a órgãos de Estado.

A empresa atestou que a ruptura “poderá ocorrer no período de 19 a 25 de maio de 2019, gerando vibração que poderá ocasionar a liquefação da Barragem Sul Superior e sua consequente ruptura”. O talude estaria se movimentando entre três e quatro centímetros por dia.

O prefeito afirmou que a “cidade inteira está tensa” com a possibilidade de rompimento. Caso o talude e a barragem se rompam, a lama pode atingir a região central do município. 

— Se acontecer o rompimento, nós temos sete carros espalhados na cidade que vão ficar sabendo em tempo real (do ocorrido). Então, eles tocam uma sirene no carro e percorrem toda essa região da mancha de possível inundação, avisando as pessoas. Tem sete pontos de encontro se isso (o rompimento da barragem) acontecer, para as pessoas procurarem esses locais e depois serem deslocadas.

O prefeito explica ainda que existe um projeto para construir um dique para reter a lama caso aconteça o rompimento de barragem. Ele afirmou que testes com barricadas e desvios de rio estão sendo feitos pela Vale na região que foi evacuada em fevereiro.

Fonte: Zero Hora