Envolto em discussões sobre uma possível mudança na meta de deficit zero para 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (7.nov.2023) a uma plateia de empresários que seu governo vai assegurar a estabilidade fiscal no país nos próximos anos. O chefe do Executivo disse que o Estado não precisa ser reduzido e defendeu maior participação privada em investimentos no país.
“O que estamos dizendo é que vamos garantir estabilidade política, social, jurídica e fiscal. Queremos garantir para vocês a possibilidade de colocarem a inteligência empresarial de vocês para que o país cresça cada vez mais”, disse. O presidente participou da abertura do “6º Brasil Investment Forum”, realizado pela ApexBrasil no Palácio do Itamaraty.
Na segunda-feira (6.nov.2023), o líder do Governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse que o Executivo não enviará mensagem modificativa ao Legislativo para pedir alteração na meta fiscal estabelecida pelo governo no projeto da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Desde julho, integrantes do governo já discutiam, nos bastidores, as dificuldades que o governo enfrentaria para conseguir zerar o deficit em 2024, mas a discussão se tornou pública depois de Lula ter dito a jornalistas em 27 de outubro que o governo “dificilmente”cumprirá a meta de deficit zero.
Uma ala do governo capitaneada pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, defende que a meta estipule a possibilidade de deficit de até 0,5%. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é contra e tenta ainda defender a manutenção da meta zero.
Em seu discurso, Lula disse que, ainda que a economia mundial esteja preocupante, o país deve aproveitar o bom momento para atrair investimento internacional e fomentar a indústria nacional, sem deixar de lado o agronegócio.
“No nosso governo, a gente não vai tentar vender a cama para dormir no chão. A gente não vai vender ativos públicos. A gente vai fazer com que eles se tornem competitivos em parceria com a iniciativa privada. A gente não precisa diminuir o Estado. É importante saber que o Estado, se ele não se meter a empresário, mas se ele se colocar com indutor do desenvolvimento de um país, a gente pode ter um Estado fazendo investimento sadio para que a gente possa crescer”, declarou.
O presidente frisou que o Brasil tem grande potencial para liderar a chamada “economia verde”, mas ressaltou que o governo não irá subsidiar iniciativas, “apenas incentivar”. Para Lula, a natureza brasileira “garante competitividade”.
“Mundo hoje está se dando conta que questão climática não é mais loucura de nenhum jovem desvairado. […] É aviso de que ou nós fazemos as coisas com seriedade ou seremos vítimas de nós mesmos”, disse.
Lula sugeriu que seja definido como meta o valor de US$ 1 trilhão para o fluxo do comércio exterior do Brasil. Atualmente, o patamar está em US$ 600 bilhões, de acordo com o presidente da ApexBrasil, Jorge Viana.
Fonte: Poder 360