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Hepatite misteriosa em crianças avança na Europa e alarma médicos no Brasil

A OMS (Organização Mundial de Saúde) emitiu alerta sobre um novo tipo de hepatite que está atingindo crianças e que tem levado uma em cada 10 a precisar de transplante do fígado.

Os casos apareceram no Reino Unido e começam a se espalhar pela Europa. Até 21 de abril, houve 158 crianças afetadas em dez países do velho continente. Os EUA já notificaram nove casos e Israel, 12. Uma morte foi registrada —a OMS não especifica onde. Até hoje, 17 pacientes precisaram de transplante.

A nova manifestação elevou a gravidade da doença a patamares inéditos e alarmou especialistas no Brasil. Eles defendem que os serviços de saúde se preparem e fiquem atentos a casos suspeitos de hepatite sem confirmação de agentes infecciosos já conhecidos.

“As investigações estão em andamento para o agente causador”, diz nota da OMS do dia 23, que classifica a doença como “hepatite aguda de etiologia desconhecida”. Para ajudar outros países, a Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido emitiu orientações para os países afetados para apoiar na investigação de casos suspeitos.

Alerta máximo no Brasil

A notícia dos casos colocou em alerta os infectologistas, que avaliam como provável o aparecimento da doença no Brasil.

“Isso preocupa muito porque ela está se espalhando rapidamente. Estamos presumindo que [o número de casos] vai aumentar, ainda mais agora com as viagens em alta com a pandemia mais controlada. É grande a possibilidade de chegar no Brasil”, afirma Marcelo Simão, professor da UFU (Universidade Federal de Uberlândia) e ex-presidente da SBI (Sociedade Brasileira de Infectologia) entre 2010 e 2014.

Segundo a OMS, o principal suspeito até agora seria uma infecção causada pelo adenovírus do tipo 41.

“O adenovírus tipo 41 geralmente se apresenta como diarreia, vômito e febre, muitas vezes acompanhados de sintomas respiratórios. Embora existam relatos de casos de hepatite em crianças imunocomprometidas com infecção por adenovírus, o adenovírus tipo 41 não é conhecido como causa de hepatite em crianças saudáveis”, diz o comunicado.

A OMS recomenda aos países que os pacientes passem por exames de sangue, soro, urina, fezes e amostras respiratórias, bem como amostras de biópsia hepática (quando disponíveis), com caracterização adicional do vírus, incluindo sequenciamento. “Outras causas infecciosas e não infecciosas precisam ser minuciosamente investigadas”, diz.

Marcelo Simão conta que o principal agente suspeito, o adenovírus, já é bem conhecido da medicina e causa surtos em diversos países, mas com casos de diarreia e resfriado simples. “Ele pode ter sofrido mutações e se tornado mais transmissível e agressivo”, diz.

Caso o adenovírus seja confirmado como agente causador, Simão teme que haja disseminação por todo o mundo por conta da facilidade de contágio.

“Esse vírus é adquirido por alimentação ou contato de uma criança com a outra, por isso a OMS está preocupadíssima. Começamos a perceber esses casos, e em duas, três semanas eles já se espalharam. É muito preocupante e temos de aguardar mais estudos”, afirma Marcelo.

Fonte: UOL