Deputados que apoiaram o presidente Michel Temer na votação de quinta-feira (13) na Comissão de Constituição e Justiça receberam mais de R$ 100 milhões em emendas parlamentares no mês passado.
Plenário vazio, silêncio nos microfones. O dia seguinte à maratona da CCJ foi de total calmaria na Câmara. Agora, sem pressa para decidir sobre o pedido para processar Temer, os governistas nem se preocuparam em garantir o quórum mínimo para abrir a sessão e ler o relatório da CCJ no plenário contra o pedido de investigação. A leitura é obrigatória antes da votação. Os novos embates ficaram para 2 de agosto, quando os deputados voltarem do recesso.
“O governo vai durante esse período de recesso explicar para a sociedade que a Constituição foi sábia quando determinou que para dar continuidade à qualquer denúncia contra presidentes da República se tenha dois terços do plenário autorizando, ou seja, 342 votos. Nem a situação nem a oposição têm esses votos”, explica o vice-líder o governo, deputado Beto Mansur (PRB-SP).
Até lá, a oposição conta que a pressão popular vá mudar os votos de governistas.
“A base será muito pressionada porque a vontade da ampla maioria do Brasil é de que esse processo tenha seguimento. Nós aqui só temos que garantir que o Supremo possa julgar Temer”, afirma o deputado Henrique Fontana (PT-RS).
Mas mesmo assim garante que não vai dar trégua aos governistas. Vai divulgar permanentemente o que chama de “jogo pesado” do governo para manter Temer na presidência, a começar pelo troca-troca na CCJ.
Com as mudanças de titulares na comissão, o governo garantiu 12 votos decisivos para virar o placar, que tendia a ser de 37 a 28 contra Temer, e ficou em 40 a 25 a favor do presidente.
Um levantamento feito pela Associação Contas Abertas mostra que o governo liberou em junho R$ 134 milhões em emendas ao orçamento para 36 dos 40 deputados que votaram a favor de Temer na CCJ. Mais do que o dobro do dinheiro liberado para os deputados que anunciaram votos contra o presidente.
Fonte: Jornal Nacional