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Fraude na BRF era em todo o processo de vistoria e visitas, diz ex-funcionária

Em depoimento prestado à Polícia Federal nesta segunda-feira, 5, a ex-funcionária da BRF – gigante do setor de carnes, dona da Sadia e Perdigão – Adriana Marques Carvalho afirmou que as “fraudes não eram apenas nos laudos, mas em todo o processo de vistoria e visitas técnicas”. Ela foi demitida da empresa e é denunciante do esquema alvo da Operação Trapaça, terceira fase da Carne Fraca, que levou para a cadeia o ex-presidente do grupo, Pedro de Andrade Faria, e outras 10 pessoas.

“Tomou conhecimento das fraudes desde sua contratação até sua demissão”, afirmou a ex-funcionária, que ajudou a PF e o Ministério Público Federal a aprofundar as investigações da Carne Fraca e deflagrar a Trapaça.

Em e-mail de 18 de junho de 2014, a então supervisora Adriana Carvalho relata a uma funcionária que “as duas primeiras rastreabilidades já tinham sido modificadas de acordo com a solicitação da Mariele (César Salce), e os laudos desses já foram enviados dia 05 e 06 de junho de 2014”. O e-mail era uma resposta à funcionária que havia pedido alteração “para gerar laudos” em análises de coxa e sobrecoxas de frango.

“No mesmo e-mail (identificado com o assunto ‘laudo Rússia’), Adriana Marques diz que já havia cedido ao pedido de Cesar Henrique de Oliveira Salce, gerente de qualidade de produtos do Grupo BRF, e solicita, de maneira ostensiva, que diminuam os pedidos de alteração de resultados das análises laboratoriais”, registra a PF.

Adriana foi alvo de condução coercitiva na quinta, na Trapaça. No depoimento de hoje ela confirmou o que denunciou em sua ação trabalhista e que mostram os e-mails trocados na época das fraudes. Disse que recebia as amostras do Serviço de Inspeção Federal (SIF), “ocasião em que eram submetidas a processo de rastreabilidade das análises”.

“Nesse processo de rastreabilidade havia a realização da prova bioquímica para constatação de salmonela. Havendo a constatação de samonela, o laboratório determinava a alteração dos resultado para negativo.”

Adriana contou ainda que para que o novo resultado fosse negativo ele fazia “um novo processo de rastreabilidade para constar como negativo”.

Fonte: Agência Estado