Com a elegância à italiana característica do Rei de Roma, Paulo Roberto Falcão ingressou no gramado do Estádio Beira-Rio, em seu retorno ao comando técnico do Inter, às 18h25m deste sábado. Vestindo paletó, camisa em xadrez e sapatos coloridos – ambos em vermelho e branco – foi imediatamente cercado por mais de duas dezenas de repórteres, fotógrafos e cinegrafistas.
– É um momento especial para mim. Estou vivendo com muita intensidade. Quero agradecer a todos, que eles incentivem os jogadores. Milagre não existe com quatro dias de treino. Mas talvez a gente consiga mostrar alguma coisinha especial. Vamos ver, estou confiante – disse, fagocitado pelo tumulto.
Saudado pelo torcedor, que já havia enlouquecido quando Falcão teve seu nome anunciado pelo sistema de som, ele demorou três minutos para percorrer os poucos metros entre o túnel de acesso ao campo e o banco de reservas do time da casa, arrastando consigo o cardume de profissionais de imprensa.
– Ôôô, o Falcão voltou! – gritavam os colorados, em número apenas razoável nas arquibancadas.
Passou boa parte do primeiro tempo em pé, na fronteira entre a área técnica e a linha lateral, alternando braços cruzados e mãos nos bolsos. Deixou a postura sóbria pela primeira vez aos 20 minutos, reclamando moderadamente com o auxiliar uma falta sobre Leandro Damião.
Um minuto depois, durante paralisação da partida, Falcão chamou para um pequeno debate tático Andrezinho e Bolatti. Conversou ao pé do ouvido, passou orientações, apontou para regiões do campo nas quais deveriam se movimentar.
Aos 32 minutos, com o gol de Leandro Damião, Falcão comemorou erguendo os braços, depois aplaudindo, e em seguida recebendo o abraço do centroavante.
– Está difícil jogar, o Santa Cruz está batendo demais – reclamou, ao final do primeiro tempo.
Na segunda etapa, Falcão manteve a sobriedade habitual. Poucos gestos, nenhum brado ou arroubo de fúria à beira do gramado. Manteve o sistema tático inicial, e recorreu ao banco de reservas para revigorar a energia – entraram Ricardo Goulart e Zé Roberto.
Apesar da vitória de apenas 1 a 0 – placar que poderia ser considerado humilde demais na comparação do Inter com o Santa Cruz, Falcão deixou o campo sob aplausos, 17 anos depois de deixar o comando da equipe em sua primeira passagem como treinador colorado.
Fonte: Globoesporte.com
