Num evento em que testava a recepção à sua candidatura à Presidência da República – um jantar para um grupo de 60 empresários em, em São Paulo, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB-PE), mostrou afinidade com o slogan usado por José Serra (PSDB-SP) nas eleições de 2010 (“O Brasil pode mais”), e lançou uma versão adaptada para si dizendo que “dá para fazer muito mais”. Equivale a algo como “continuidade, mas com liderança renovada”, coisa também semelhante à tentada pelo marqueteiro de José Serra em 2010. Bem, todo mundo sabe o que é persistir num erro é burrice, mas cada um faz o que bem entende com sua imagem política.
Mas pior do que reciclar slogans foi Campos ter aderido às críticas feitas na semana passada por Aécio Neves contra a Petrobras – dentro do projeto demotucano Petrobrax, que sonha privatizar a empresa e o pré-sal, para “investidores” estrangeiros.
O que disse Campos? “Enquanto o Brasil diz que tem o petróleo do pré-sal, importa gasolina. A Petrobras, que já foi case de sucesso lá fora, tá cheia de problema”. Alto lá. Em primeiro lugar, o Brasil “não diz” que tem o petróleo do pré-sal. Ele tem! E já atingiu a produção de 300 mil barris diários, perfurando apenas 17 poços.
Em segundo lugar, o Brasil historicamente importou gasolina e só nos 10 últimos anos é que mudou diretrizes e passou a investir para atingir a autossuficiência não só em petróleo extraído, mas também em combustíveis refinados.
Os demotucanos, antes de Lula, ficaram sem investir em refinarias desde a ditadura, desde 1980, porque os “gênios” achavam que o retorno em lucros de uma refinaria era baixo em relação a outros investimentos mais lucrativos no curto prazo. Para entregar mais dividendos a “investidores” estrangeiros, dane-se a autossuficiência em combustíveis, assim como eram adeptos de encomendar plataformas de petróleo no exterior.
A Petrobras teria mais lucro importando gasolina do que investindo em refinarias, segundo essa lógica, e mudar isso atrapalharia os planos de privatizá-la. Só se esquecem de que se deixar na mão dos outros para refinar, a qualquer momento eles poderão podem subir o preço do combustível à vontade no mercado internacional, nos deixando vulneráveis a uma “crise internacional”.
Só quando Lula assumiu a presidência é que resolveu tirar as refinarias do papel, decidindo construir não uma, mas três: Em Pernambuco, no Ceará e no Maranhão. Justamente a de Pernambuco é a que iniciou primeiro as obras e deve entrar em operação em 2014. Em 2020, estarão todas em pleno funcionamento e o Brasil não só será autossuficiente também no refino de combustíveis, como estará exportando combustíveis refinados aqui.
Por ser o primeiro estado a ter uma nova refinaria após 33 anos, a última pessoa que deveria fazer qualquer crítica a esse respeito é o governador de Pernambuco, fosse quem fosse. No caso de Eduardo Campos, que foi (ou simulou ser) aliado de Lula para fazer sua carreira política, fazer críticas como a que fez soa pior ainda.
Em terceiro lugar, a Petrobras continua sendo “case” de sucesso em qualquer lugar do mundo e “problemas” são os desafios de rotina de qualquer grande empresa. Basta existir para tê-los. É a velha mídia e a oposição (agora engrossada por Campos) que ficam dando dimensão sensacionalista a coisas corriqueiras. Eduardo Campos tinha obrigação é de defender a Petrobras diante de empresários, e não fazer coro com quem quer detoná-la por politicagem, para privatizá-la a preço de banana e para ganhar dinheiro fácil especulando.
Movimentos especulativos em bolsas de valores, com ações da empresa, inclusive explorados por megaespeculadores como Naji Nahas e bancos de investimentos, vêm e passam. Na prática, nada interferem na operação da empresa, cujo planejamento é de médio e longo prazo, e não com bases em quanto será a cotação em bolsa no próximo pregão.
Em tempo: as críticas de Aécio à Petrobras foram tão insignificantes e sem noção, que nem o mais raivoso dos telejornais de oposição, o Jornal Nacional da TV Globo, levou a sério. Nem sequer noticiou.
Fonte: Rede Brasil Atual