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Deltan fez plano para lucrar com fama da Lava Jato, apontam mensagens

O procurador federal e coordenador da força-tarefa da operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, teria montado um plano de negócios para lucrar com a fama conquistada nas investigações. Ao lado do também procurador Roberto Pozzobon, ele fez planos para ganhar dinheiro, paralelamente à atuação no Ministério Público Federal, participando de eventos e palestras aproveitando a visibilidade e os contatos obtidos durante as investigações do caso de corrupção. É o que apontam mensagens obtidas pelo site The Intercept Brasil analisadas em conjunto com a Folha – que publicou o conteúdo neste domingo (14/07/2019).

Além de palestras sobre temas correlatos à operação – como ética e combate à criminalidade – Deltan cogitou, inclusive, entrar para o ramo de palestras motivacionais e de autoajuda. O objetivo dessas últimas, segundo o que indica o conteúdo publicado pelo jornais, era atrair o público mais jovem.

Em um chat sobre o tema criado no fim do ano passado, Deltan e um colega da Lava Jato discutiram a constituição de uma empresa na qual eles não apareceriam formalmente como sócios, para evitar questionamentos legais e críticas. Como procuradores, eles não podem figurar como sócios-administradores de empresas. Dessa forma, as esposas deles poderiam figurar como sócias.

A justificativa da iniciativa foi apresentada por Deltan em um diálogo com a mulher dele. “Vamos organizar congressos e eventos e lucrar, ok? É um bom jeito de aproveitar nosso networking e visibilidade”, escreveu.

Na sequência, ele cria um grupo específico para discutir o assunto com o colega de profissão. E começam as tratativas para a montagem da empresa. “Se fizéssemos algo sem fins lucrativos e pagássemos valores altos de palestras pra nós, escaparíamos das críticas, mas teria que ver o quanto perderíamos em termos monetários”, sugeriu Deltan no grupo com o integrante da força-tarefa.

“Essas viagens são o que compensa a perda financeira do caso, pq fora eu fazia itinerancias [trabalho extraordinário em que, ao assumir tarefas de outro procurador, é possível engordar o contracheque] e agora faria substituições”, justificou o procurador sobre a razão de ter proposto dar início às palestras, já que o trabalho na Lava-Jato impedia que ele se deslocasse e garantisse o cache extra.

“Enfim, acho bem justo e se reclamar quero discutir isso porque acho errado reclamar disso. Acho que o crescimento é via de mão dupla. Não estamos em 100 metros livres. Esse caso já virou maratona. Devemos ter bom senso e respeitar o bom senso alheio”, prosseguiu Deltan. Ele destaca que, no ano de 2017 o investigador teria faturado mais de R$ 200 mil com essa atividade. Apenas no MPF, ele ganhou, líquido, R$ 300 mil. Dessa forma, os ganhos mensais líquidos de Deltan teriam atingido aproximadamente R$ 44 mil.

“Se tudo der certo nas palestras, vai entrar ainda uns 100k [R$ 100 mil] limpos até o fim do ano. Total líquido das palestras e livros daria uns 400k [R$ 400 mil]. Total de 40 aulas/palestras. Média de 10k limpo”, disse o procurador.

Fonte: Metrópoles