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Como a divisão entre direita e esquerda frustrou planos de nova greve dos caminhoneiros

Protesto em 2018

A semana começou com uma ameaça de paralisação de caminhoneiros nas primeiras horas desta segunda-feira (16).

O caminhoneiro autônomo Marconi França gravou, no início de dezembro, um vídeo convocando uma paralisação contra os preços dos combustíveis nos dias 15 e 16 deste mês.

“Essa paralisação não é só dos caminhoneiros, queremos apoio da população. Você, dona de casa, dono de casa, pai de família que não está satisfeito com preço da gasolina, do óleo diesel, do ‘bujão’ de gás. Essa briga é de todos”, diz ele.

Governo, caminhoneiros e imprensa monitoraram os possíveis protestos no país, mas até o início da tarde de segunda-feira não havia registros de manifestações significativas em estradas do país.

A Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou que não houve pontos de bloqueio, concentração ou manifestação de caminhoneiros nas rodovias.

‘Atrapalhou muito’

A BBC News Brasil entrevistou caminhoneiros e especialistas para entender como está dividido o grupo, que foi responsável por afetar a distribuição em todas as regiões do país no ano passado.

França, que é caminhoneiro autônomo em Pernambuco, disse nesta segunda que havia pontos de protestos no Rio Grande do Sul e no Nordeste e que “toda paralisação começa pequena”. Mas admitiu que o movimento é menor do que ele esperava. Na avaliação dele, o discurso de que seria um ato contra o governo do presidente Jair Bolsonaro atrapalhou.

“Dizer que é ato político atrapalhou muito nosso movimento. Dividiu demais”, disse à BBC News Brasil. “Esse movimento não é político.”

Ele disse que o apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) foi pedido por ele e, depois, dispensado. “Pedimos carro de som, banheiro químico. Mas os caminhoneiros que representam o governo e se dizem líderes tentam desestabilizar. Quem já disse que ia parar ficou espalhando que era ato político.”

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logísticas (CNTTL), ligada à CUT, defendeu a paralisação, mas divulgou um vídeo na semana passada para se distanciar da organização do movimento.

“Não somos nós que estamos convocando, mas entendemos que a pauta é legítima”, disse em vídeo o presidente da CNTTL, Paulo João Estausia. “Tava tendo algumas dúvidas, entendendo que era uma convocação contra o governo, de cunho político, mas não é nada disso. É isso que eu queria esclarecer.”

Marconi França disse que houve um apoio muito grande da categoria à eleição do presidente Bolsonaro, mas questiona os resultados.

“Mais de 95% da categoria acreditou, sim, no governo Bolsonaro, porque ele prometia ajudar nossa categoria dizendo que ia acabar com farra da multa, do radar, do óleo diesel e nada disso ele tá cumprindo”, disse. “Bolsonaro só governa para os ricos e não fez nada pros caminhoneiros. Só dando esmola. E tem caminhoneiros inocentes na ‘vibe’ deles.”

Fonte: BBC Brasil