A Colômbia terá um presidente de esquerda pela primeira vez. Neste domingo (19), Gustavo Petro, 62, com 50,4%, derrotou o populista Rodolfo Hernández, 77, com 47,2%, em uma disputa apertada.
Assim, o esquerdista chega à Casa de Nariño, a sede do Executivo colombiano, em sua terceira tentativa, depois de percorrer uma longa trajetória. Antes de entrar na vida democrática, foi guerrilheiro do grupo M-19, preso e exilado. Depois, foi eleito senador em duas ocasiões e prefeito da capital Bogotá.
Entre suas propostas estão uma mudança do modelo econômico do país, tornando-o menos extrativista e com mais ênfase na produção agrária, industrial e científica. Ele também promete uma reforma agrária baseada na taxação de terras improdutivas e no aumento dos impostos aos colombianos mais ricos.
Trata-se do capítulo final de uma campanha que teve de tudo: ataques verbais, vazamentos de vídeos de reuniões de campanha, recusa em participar de debates, supostas ameaças de morte e até a sugestão de Petro de que poderia não aceitar o resultado, apontando supostas irregularidades do órgão eleitoral.
Na Movistar Arena, espaço com capacidade para 13 mil pessoas que a campanha do esquerdista escolheu para celebrar o resultado, apoiadores, entre os quais grupos indígenas que vieram do interior, agitavam símbolos pró-diversidade. No palco, uma banda de garotos cantou o hino nacional.
No meio da comemoração, surgiram bandeiras do M-19. Uma delas trazia a palavra “paz”, e outra, também com o nome da guerrilha, lembrava Carlos Pizarro, morto durante campanha para a Presidência, em 1990.
“Hoje é um dia de festa para o povo. Que festejem a primeira vitória popular. Que tantos sofrimentos se apaziguem na alegria que hoje inunda o coração da pátria”, escreveu Petro no Twitter, após a divulgação do resultado. “Esta vitória é para Deus, para o povo e sua história. Hoje é o dia das ruas e das praças.”
Fonte: Folha de S. Paulo