Depois de um começo sem muita inspiração, a seleção brasileira se soltou a partir de um belo gol de falta de Neymar para vencer a equipe do Panamá por 4 a 0 no primeiro dos dois amistosos de preparação para a Copa do Mundo – Neymar foi, aliás, o principal nome da equipe, participando ativamente das jogadas de ataque a arriscando dribles e passes de efeito no estádio Serra Dourada, em Goiânia.
E se os 30 mil pagantes vibraram no embalo do camisa 10 da seleção, por volta de 300 professores em greve da rede municipal de capital de Goiás fizeram um protesto cobrando que o investimento no evento futebolístico poderia ser usado na melhoria dos serviços públicos locais.
De manhã, manifestantes ligados ao mesmo grupo, o Sint-Ifes (sindicato dos servidores técnicos administrativos das instituições de ensino superior), já tinham sido retirados pela polícia, à força, da frente do hotel onde estava o time brasileiro.
Na saída de campo, o lateral Daniel Alves, que marcou o segundo gol, foi questionado pela TV Globo sobre a atual relação com o torcedor nacional. E citou os protestos. “A conexão (com o torcedor) já foi demonstrada. Quando ela acontece, o resultado é positivo. Sei que é difícil, bastante complicado que esqueçam os problemas, mas peço que a gente curta a Copa e depois volte a cobrar (os políticos)”.
Mais tarde, na zona mista, jogadores disseram à BBC Brasil que os protestos não são contra a seleção e defenderam o direito de manifestação da população. Fred, Hernanes e o próprio Daniel Alves, três cabeças importante do grupo da seleção, usaram exatamente os mesmos termos para falar do assunto, o que indica um discurso unificado da seleção para tratar do tema. “Também somos do povo” é o lema.
“O maior exemplo foi a da Copa das Confederações. Toda aquela manifestação do povo deixou nós, jogadores, mais orgulhosos. Eles estão representando a gente. Nós, da seleção, a maioria saiu da dificuldade e também queremos o Brasil inteiro com coisas melhores, saúde, educação, mais investimento. Sabemos que o povo tem um carinho especial pelo jogador, que vai torcer pra gente e contamos com o apoio de todo mundo”, disse à BBC Brasil Fred, um dos capitães de Luiz Felipe Scolari.
“Se alguém tem alguma dúvida que somos do povo, é só dar uma olhada no histórico dos jogadores que aqui estão, o povo vai se identificar bastante com todos eles. Viemos ali de baixo, se há uma seleção que representa o povo é a nossa”, falou Daniel Alves. “Somos do povo, nossa história mostra isso. Viemos do povo, de situações desfavoráveis. Sabemos que o protesto não é contra nós, porque nós somos do povo, mas é a oportunidade que aquele pessoal tem para fazer seu protesto ganhar uma dimensão internacional. A gente entende isso, mas sabemos que a maior parte do Brasil está torcendo por nós”, acrescentou Hernanes.
Em campo, o técnico Luiz Felipe Scolari escalou Dante e Ramires nas vagas de Thiago Silva e Paulinho, que foram poupados e ficaram em Teresópolis (assim como Fernandinho). E o Brasil começou o jogo sem conseguir incomodar o Panamá, encontrando inclusive dificuldades para penetrar na defesa rival. Até que aos 26 minutos, Neymar sofreu falta, cobrou com perfeição para abrir o placar e começou a roubar a cena em Goiânia.
Logo na sequência, o atacante do Barcelona deu belo drible no defensor panamenho, cruzando para Fred quase ampliar. E no calor do bom momento do Brasil no jogo, Daniel Alves arriscou de fora da área e fez o segundo gol brasileiro no Serra Dourada.
Como prometido na véspera, Felipão começou a usar as seis substituições que tinha direito já no intervalo, promovendo as entradas de Maicon, Maxwell e Hernanes. E bastaram poucos segundos para Neymar achar grande passe de calcanhar, Hulk concluir com categoria e o Brasil fazer o terceiro.
Aos 27, Willian, que veio do banco (Jô e Henrique também entraram), completou cruzamento de Maxwell para fechar o placar em 4 a 0.
Fonte: BBC Brasil