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Depoimento de Vaccari à CPI vira palco de guerra entre PT e PSDB

A fala do líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), na manhã desta quinta-feira foi um prenúncio do que viria no depoimento do tesoureiro do seu partido, João Vaccari Neto, à CPI da Petrobras. “Querem show, o circo está armado. Se é guerra, vamos para a guerra.”

A sessão – que, diante das negativas de Vaccari sobre as acusações, não trouxe informações relevantes para as investigações sobre desvios na Petrobras – virou palco de disputa política feroz entre os dois partidos que polarizaram as última eleições presidenciais.

“O senhor tem tudo para ser preso, e o PT, extinto”, atacou o líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), ao final de uma intervenção exaltada contra o depoente.

Sibá Machado acusou o PSDB de estar promovendo uma campanha pela extinção do PT e usar a CPI para criar um “terceiro turno”. Para o líder petista, “o objetivo central do PSDB é a cassação do registro do PT e saímos do foco da CPI para outra dimensão, o que é prejudicial para o equilíbrio democrático”.

Ao questionar se Vaccari visitara o escritório do doleiro Alberto Youssef, acusado de distribuir para partidos políticos recursos desviados da Petrobras, Sampaio, líder do PSDB, repetidas vezes interrompeu a resposta do tesoureiro insistindo que ele fosse objetivo.

“Ninguém é moleque aqui. A resposta é sim ou não. Estou perdendo meu tempo”, reclamou.

A deputada Maria do Rosário (PT-RS) interveio dizendo que o regimento que regula as comissões garantia ao depoente tempo para responder com o tempo que fosse necessário.

Vaccari repetiu, então, que esteve no escritório a convite de Youssef uma única vez, mas que o doleiro não se encontrava no local no momento e, por isso, foi embora. “Permaneci quatro minutos no local”. O tesoureiro, porém, não explicou o motivo da visita e como ela foi combinada, ao ser questionado posteriormente por outros deputados.

“Já entendi: o senhor deu azar (de não encontrá-lo)”, ironizou Sampaio. O deputado do PSDB, justamente quem havia feito o requerimento pedindo a convocação de Vaccari, levantou-se e deixou a CPI, ausentando-se das posteriores mais de cinco horas de questionamentos ao tesoureiro do PT.

A CPI foi criada na esteira das revelações da Operação Lava Jato, que investiga se doações para partidos políticos – supostamente legais – que teriam sido realizadas, na verdade, com recursos desviados da Petrobras por meio de contratos superfaturados com empreiteiras e outras empresas.

Vaccari é acusado de ter feito captações irregulares para o PT e foi citado nas delações premiadas do ex-gerente de Serviços e Tecnologia da Petrobras Pedro Barusco, do ex-diretor Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef.

“As afirmações feitas nas delações premiadas sobre minha pessoa não são verdadeiras”, repetiu Vaccari, dezenas de vezes, ao longo das mais de oito horas de sessão. “Sou inocente”, afirmou.

Fonte: Último Segundo