A desconfiança de vários setores da Secretaria de Defesa Social (SDS) se confirmou. O sequestro do capitão da Polícia Militar Marcos Vinícius Barros dos Santos, 37 anos, que disse ter sido forçado por bandidos a roubar 62 armas de grosso calibre da corporação, não passou de uma farsa. O irmão dele, Carlos Henrique Barros dos Santos, 35, confessou o crime e deu detalhes sobre o plano idealizado pelo oficial, que tinha como objetivo principal vender o arsenal de batalhões do Sertão.
Com a confissão, a Polícia Civil concluiu o inquérito indiciando o PM, o irmão dele e outros três homens, que estão foragidos. Os suspeitos já foram identificados, mas não tiveram os nomes divulgados. Na investigação, no entanto, a polícia não conseguiu localizar o armamento.
Na versão apresentada por Marcos Vinícius logo após o crime, ele teria sido sequestrado e obrigado a recolher as armas de unidades da PM de cinco cidades, enquanto a esposa e a filha eram mantidas reféns. Durante as investigações, a polícia concluiu, no entanto, que a família do PM e os dois soldados que ajudaram a pegar o armamento não sabiam da farsa.
O inquérito foi entregue terça-feira à 2ª Vara da Comarca de Salgueiro, no Sertão. Os detalhes da investigação foram repassados em coletiva de imprensa, ontem à tarde, na sede da SDS, em Santo Amaro, área central do Recife. Para o secretário-executivo de Defesa Social, Claudio Lima, não há dúvidas de que o capitão idealizou o suposto sequestro e o roubo das armas para vendê-las. “Concluímos a primeira etapa da investigação, que era identificar os responsáveis pelo roubo. Agora, continuamos investigando para localizar o armamento.”
O delegado titular do Grupo de Operações especiais (GOE) da Polícia Civil, Cláudio Castro, responsável pela investigação, afirmou que a confissão de Carlos Henrique apenas comprovou a linha de investigação que estava sendo seguida. “A confissão encaixou com o que a gente vinha investigando. O irmão do capitão relata que três meses antes do fato havia sido procurado pelo oficial, explicando toda a trama e mostrando que o crime vinha sendo arquitetado pelo PM”, afirma o delegado. “A família do capitão é tão vítima quanto o Estado”, disse Castro.
De acordo com o delegado, dos outros três indiciados, dois deles teriam participado do suposto sequestro. “Eles participaram da encenação. O outro participou do planejamento da ação”, explicou Claudio Castro, que não quis dar detalhes sobre os foragidos, mas garantiu que nenhum deles é policial.
O capitão, o irmão dele e os outros três acusados estão sendo indiciados por sequestro e cárcere privado, peculato, comércio ilegal de armas, lavagem de dinheiro, expor adolescente a constrangimento e formação de quadrilha. Marcos Vinícius está preso no Centro de Reeducação da Polícia Militar (Creed), em Paulista, Grande Recife, e Carlos Henrique, na sede do GOE, Cordeiro, Zona Oeste da capital.
Fonte: JC online