O número de acidentes com motos não para de crescer em todo o país. Apenas em Pernambuco, atualmente ocorrem cinco vezes mais acidentes do que há dez anos. Um exemplo disso está no Hospital da Restauração (HR), no Recife. A emergência sempre tem paciente vítima de moto. Para tentar mudar essa realidade, o Estado vai contar com um comitê para prevenir e repreender esses casos. O anúncio foi feito no Palácio do Campo das Princesas, na última terça-feira (21).
O contador eletrônico que fica em frente ao HR mostra um número preocupante: mais de 274 mil vítimas de acidentes de trânsito no Brasil desde setembro de 2009. No hospital, outro número alarmante: 90% dos leitos das enfermarias do setor de trauma estão ocupadas com pacientes vítimas de acidentes com moto.
O agricultor José Romaris (foto 2), 42 anos, é um deles. Na verdade, o mais antigo: está internado há quase cinco meses. Ele quebrou o fêmur e teve outras duas fraturas expostas. Já fez uma cirurgia e precisa de mais uma. “Moto é um meio de transporte rápido, ligeiro, econômico. Mas não tem segurança. A segurança é o seu corpo. Para todos os lados que você vai, o seu corpo está em jogo. Agora, eu não sei os outros, mas sei que parei por aqui”, conta.
Ainda no Hospital da Restauração, outro detalhe chama atenção. Quase a metade do total de pacientes vítimas de acidentes com moto vem do interior, onde esse tipo de veículo é cada vez mais comum.
A saladeira Adalgiza Maria Neta (foto 4) faz parte dessa estatística. Ela nem lembra como foi o acidente há 15 dias, em Quixaba, no Sertão do Pajeú. As marcas podem ser vistas em quase todo o corpo. Na próxima segunda- feira (27), ela tem uma cirurgia marcada por causa de duas clavículas quebradas na queda. Adalgiza Maria sabe que o acidente podia ter sido evitado: além de não ter habilitação, ela bebeu antes de pegar a moto, da qual ela, agora, só quer distância. “Peguei a moto e saí. Também porque tinha bebido antes”, diz.
De acordo com o médico Rogério Ehrhardt (foto 5), ela se encaixa no perfil das vítimas de acidentes com motos. “O que a gente constata, quando os pacientes chegam e podem falar, é que alguns estão alcoolizados, outros não usaram o capacete, outros foram realmente imprudentes, pois não têm nem carteira e estão dirigindo motos pela cidade. Normalmente, as quedas acabam causando grandes traumas, como fraturas de ossos, trauma craniano e trauma abdominal associado, que leva à maior gravidade do doente”, afirma.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde mostram que o acidente de moto é a segunda causa de morte por causa externa. Para reverter essa situação, foi criado um comitê de prevenção a esses tipos de acidente.
“É um plano que terá quatro eixos. Um eixo da mudança da legislação, para ver o que é pertinente ao estado de Pernambuco, a normatização de algumas rotinas, dos profissionais que trabalham com moto. Outro grupo da promoção, da prevenção e educação e o da questão da saúde. Hoje, em todos os grandes hospitais, nós já temos unidades sentinelas que registram todo caso de acidente, e vamos expandir isso para as UPAs. E a última a questão da repressão. É necessário fazer uma articulação forte com os municípios, já 30 municípios que têm o seu sistema de transito municipalizado para que haja repressão, que se sinta essa força do poder público na repressão a esses casos”, afirma o secretário de Saúde de Pernambuco, Antônio Carlos Figueira.
Fonte: pe360graus.com