O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mediram nesta quinta-feira o apoio popular em mobilizações convocadas pelo Partido dos Trabalhadores (PT) após sua condenação a nove anos e meio de prisão.
Muito ativo após a divulgação da sentença pelo juiz Sérgio Moro na semana passada, o próprio Lula (2003-2010) e sua sucessora Dilma Rousseff (2011-2016) participaram do ato em São Paulo.
Com este ato no coração da capital financeira do país, o PT – que convocou movimentos sociais a manifestar-se “Com Lula pela democracia” -, espera realizar uma demonstração de força, sob o impulso das declarações do ex-presidente.
Em torno do Museu de Arte de São Paulo (MASP), a manifestação reunia pouco mais de 5 mil pessoas no início da noite, constatou a AFP no local.
“A condenação de Lula é política, sem provas. O que querem é impedir que concorra nas eleições e ganhe, porque lidera as pesquisas”, afirmou Edson Fogo, funcionário do metrô, de 49 anos.
“Ninguém neste país em toda a história sofreu o massacre diário que sofro eu todos os dias”, afirmou Lula em uma conversa com jornalistas transmitida pela internet.
Confronto
Moro, juiz de primeira instância na Operação Lava-Jato, ordenou na quarta-feira o bloqueio de contas bancárias e propriedades de Lula.
Nesta quinta-feira, o convocou para prestar depoimento – provavelmente por videoconferência – no dia 13 de setembro em outro dos cinco processos abertos contra o ex-presidente.
Essa opção, que deve ser aceita pela defesa, evitaria tensões do confronto direto entre os dois homens que polarizam o país desde o dia 10 de maio, em Curitiba, quando Lula denunciou durante seu interrogatório uma “farsa” judicial.
Desde então, o embate fica cada dia mais acirrado e, apoiado no arsenal de recursos de seus advogados e na sua promessa de percorrer o Brasil para provar sua inocência, Lula se lançou ao contra-ataque.
“Operação Lava-Jato, por favor, mostra ao povo brasileiro alguma coisa de veracidade. Não estão brincando com pouca coisa. Estão levando o país à destruição”, disse Lula nesta quinta.
Apesar de manter o carisma que o tornou em astro da política internacional na década passada, Lula já não é mais o presidente que deixou o poder há sete anos com mais de 80% de popularidade.
O protesto desta quinta-feira na Cinelândia, no centro do Rio, reunia cerca de 200 pessoas.
Lula aparece como favorito na pesquisa, mas é também o que tem a maior rejeição entre possíveis candidatos: o salvador dos pobres para alguns é o líder da rede corrupção para outros.
Fonte: EXAME