A Polícia Militar confirmou ao menos 18 mortos, entre eles um policial militar e uma moradora, em uma ação policial no Complexo do Alemão, nesta quinta-feira, 21, na Zona Norte da Cidade. As outras 16 vítimas, segundo a corporação, são suspeitas de envolvimento com o tráfico de drogas. A ação foi deflagrada para combater quadrilhas que roubam veículos, mas deixou os moradores das comunidades aterrorizados com a violência. Em pouco mais de um ano, já foram registradas outras duas chacinas, a mais letal delas a do Jacarezinho, em maio do ano passado, que resultou em 28 mortes, entre elas a de um policial civil.
“A matança no Rio de Janeiro virou mais do mesmo. Essa operação de hoje foi feita sem preparo e com o assassinato de dois inocentes. Infelizmente, atualmente, mortes dão votos. O governador do estado, Cláudio Castro, do PL, apoia a necropolítica”, criticou Álvaro Quintão, presidente da Comissão de Direitos Humanos, da Ordem dos Advogados do Brasil do Rio de Janeiro. Em coletiva no início da noite de ontem, representantes da PM e da Polícia Civil informaram que as execuções do policial militar Bruno de Paula Costa e da moradora Letícia Marinho de Sales, de 50 anos, estão sendo investigadas pela Delegacia de Homicídios da Capital.
A PM informou ainda que o número de mortos ainda pode aumentar, mas que a ação era necessária. “Era uma operação que precisava ser feita. Há anos, a polícia não operava no Complexo do Alemão. Os moradores atenderam os pedidos para ficarem em casa. Só havia policiais e criminosos nas ruas”, argumentou o major Ivan Blaz, porta-voz da PM. Na coletiva de imprensa, o coordenador da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), da Polícia Civil, Fabrício Oliveira, atacou os chamados “narcoativistas”, pessoas, que segundo ele, fazem badernas durante as ações policiais orquestradas por traficantes. “Se houver críticas e denúncias em relação a ação da polícia, elas serão investigadas. Mas o que a gente está falando é que criminosos estão obrigando parte da população a causar a desordem durante a ação policial”, argumentou.
Durante a manhã, moradores relataram troca de tiros e rajadas contra um helicóptero da polícia. Mototaxistas também fizeram um protesto. À tarde, populares levaram corpos e pessoas feridas a unidades de saúde da região em meio a um cenário de guerra. Desde de 2020, em razão da pandemia, o Supremo Tribunal Federal impôs regras para a realização de operações policiais para reduzir a letalidade no estado, entre elas, a de que o Ministério Público seja informado com antecedência. Mas tiroteios e chacinas, como a do Complexo do Alemão, deixam um rastro de sangue e mortes nas comunidades carentes do estado.
Fonte: VEJA