Na última terça-feira, 29, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) realizaram uma audiência pública em Ouricuri, com objetivo de aperfeiçoar o registro de compartilhamento de informações sobre acidentes e doenças ocupacionais da cadeia produtiva do gesso no Sertão do Araripe. O evento reuniu representantes do MPT, UFPE, da Secretaria Estadual de Saúde (SES-PE) e das secretarias municipais de Saúde de Ouricuri, Araripina, Trindade e Araripina, municípios que integram o Polo Gesseiro.
Representando o MPT, a procuradora do Trabalho e coordenadora regional de Defesa do Meio Ambiente, do Trabalho e da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora em Pernambuco (Codemat), Adriana Gondim, falou sobre o objetivo da ação. “Queremos fortalecer as ações da rede de saúde para a notificação e investigação de casos de adoecimentos relacionados ao trabalho. O desenvolvimento de políticas de prevenção ocupacional também deve ser uma prioridade dos municípios. No entanto, para que sejam desenvolvidas de forma estratégica e eficiente, é necessário um mapeamento dos riscos e doenças prevalentes nos perfis produtivos”, disse.
A audiência faz parte das atividades do Codemat, através dos projetos “Fortalecimento da Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora no Sistema Único de Saúde” e “Regularização de Comunicações de Acidentes de Trabalho e Promoção do Trabalho Decente na Cadeia Produtiva do Gesso na Região do Araripe”, bem como do Grupo de Trabalho Interinstitucional do Polo Gesseiro do Araripe. O MPT deseja que haja transparência sobre adoecimentos ocasionados pelo trabalho com gesso. A ausência desses dados tem dificultado um trabalho preventivo.
Durante o evento, o pesquisador da UFPE Breno Caldes de Araújo apresentou o estudo “Avaliação do Impacto Ocupacional do Polo Gesseiro na Saúde Pulmonar dos Trabalhadores no Contexto da Região do Sertão do Araripe-PE”, apontando alta prevalência de doenças respiratórias em 10 municípios do Sertão do Araripe, em comparação com outras regiões de Pernambuco. A pesquisa é fruto da parceria entre o MPT e a UFPE para mapear o perfil de adoecimento relacionado ao trabalho no Polo Gesseiro, identificando os riscos que demandam estratégias de prevenção nos ambientes de trabalho e em decorrência da poluição atmosférica.
A diretora geral da Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), Karla Baêta, mostrou ações voltadas à criação de protocolos de atendimento integral à saúde dos trabalhadores do setor. Por sua vez, o gerente de Vigilância em Saúde do Trabalhador da SES-PE, Paulo Lira, destacou a importância de políticas integradas entre Estado e municípios para proteger a saúde das comunidades expostas à poluição atmosférica. Nesse sentido, a coordenadora da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Contaminantes Químicos (Vigipeq), Clara Schurmann, divulgou instrumentos viáveis para o monitoramento da qualidade do ar. Os secretários municipais se comprometeram com as medidas necessárias.
Da redação do Blog Alvinho Patriota