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PGR abre investigação que pode cancelar delação premiada da JBS

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, abriu investigação interna para rever a delação premiada de três dos sete executivos da JBS do Grupo J&F: Joesley Batista, Ricardo Saud e Francisco de Assis e Silva. Em conversa gravada aparentemente sem querer, os dois primeiros teriam dito que tinham sido ajudados pelo ex-procurador Marcello Miller na elaboração da proposta de colaboração assinada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Há indícios de que a conversa foi gravada em 17 de março, quando Miller ainda era procurador da República. Em 5 de abril, ele se afastou da instituição e logo depois passou a atuar como advogado dos delatores.

Se a delação for anulada, os colaboradores podem perder parte ou todos os benefícios obtidos com o acordo. Janot ressaltou, no entanto, que as provas obtidas até agora não serão anuladas. Em declaração à imprensa, ele considerou o fato “gravíssimo”.

— Determinei hoje a abertura de investigação para apurar indícios de omissão de informações sobre práticas de crime no processo de negociação para acordo de colaboração premiada no caso JBS. Áudios de conteúdo grave, eu diria gravíssimo, foram obtidos pelo Ministério Público Federal na semana passada, precisamente na quinta-feira, às 19h. A análise de tal gravação revelou diálogo entre dois colaboradores com referências indevidas à Procuradoria-Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal. Tais áudios também contêm indícios, segundo esses dois colaboradores, de conduta em tese criminosa atribuída ao ex-procurador Marcelo Miller — declarou Janot.

O procurador-geral disse ainda que eventual irregularidade na colaboração não vai impedir que ele apresente novas denúncias ao STF até o fim de seu mandato. Ele fica no cargo até 17 de setembro e, antes disso, pretende apresentar denúncia contra o presidente Michel Temer por crimes revelados a partir da delação dos executivos da JBS.

Fonte: O Globo