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Não podia, candidato

eduardo camposO Tribunal de Contas da União tem nove ministros e uma missão que já seria pesada para 90: fiscalizar a aplicação das verbas federais em todo o país. Sua principal função é julgar as contas do presidente da República. Em caso de rejeição, ele –ou ela– pode ficar inelegível por oito anos.

Apesar de tanto trabalho e responsabilidade, o cargo de ministro do TCU é um dos mais cobiçados em Brasília. O salário beira os R$ 28 mil, fora vantagens e indenizações. Ainda há benesses como apartamento, carro oficial, gabinete com 16 assessores e até auxílio-alimentação.

Em 2011, o então governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), fez campanha aberta para instalar a mãe no tribunal. Negociou pessoalmente o apoio de diversos partidos, do PSDB de Aécio Neves ao PSD do neodilmista Gilberto Kassab. Campos era quem mandava no Ministério da Integração Nacional. Não se sabe bem o que prometeu, além da vaga perspectiva de poder.

Quando Ana Arraes chegou lá, Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) protestou: “Isso não é modernidade. É nepotismo. É política do compadrio, do coronelismo. É atraso do pior tipo possível”. O senador ainda deixou uma pergunta no ar: “Quando chegar uma conta do governo Eduardo Campos no TCU, qual será a postura da nova ministra?”.

Nesta terça-feira (15), na sabatina da Folha, Campos voltou a se apresentar como o representante da “nova política” na eleição presidencial. Ao final, foi questionado sobre a nomeação da mãe, que se aposentará daqui a apenas três anos com salário integral. Começou tratan-do-a como “Ana”, como se não fosse sua parente. Depois disse que “os deputados lançaram a candidatura dela”, como se não tivesse sido seu maior cabo eleitoral. Por fim, afirmou: “Não imagino que só ela, como brasileira, teria que ter vetada a possibilidade de disputar com tantos outros e ganhar. Só não podia ela?”. Não podia, candidato.

Fonte: Folha de S.Paulo