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Marinha considera que vazamento de petróleo pode ter ocorrido mais próximo da costa

A Marinha passou a considerar que o vazamento do petróleo que contamina o Nordeste brasileiro pode ter ocorrido mais próximo da costa do que a distância levada em conta até agora. À frente das investigações sobre o que de fato ocorreu, a Força recebeu dois estudos atualizados, com dados ainda não divulgados, que mostram uma possibilidade de o derramamento de óleo ter se passado entre 270 e 600 quilômetros do litoral, tendo como ponto de partida os estados da Paraíba, Pernambuco e Alagoas. Até então, as estimativas variavam entre 600 e 800 km.

A informação já foi encaminhada para as outras frentes de apuração dentro da Marinha e pode impactar na delimitação de navios colocados como suspeitos de vazamento. Até agora, o universo de navios que trafegaram no rumo dos pontos contaminados, e que são levados em consideração nas investigações, é de 30 embarcações de dez países.

Todos os países já foram contatados pela Marinha, para que informem detalhes que possam ajudar na elucidação da causa da tragédia. A Força usou um raio de 800 quilômetros de navegação para fazer um filtro de navios a serem investigados.

Os estudos recebidos pela Marinha são do Instituto de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica (NOAA, na sigla em inglês), uma agência do governo dos Estados Unidos. Pela primeira vez, os estudos vêm mostrando uma convergência de informações, a partir de análise do óleo sob a superfície. Antes, a análise do petróleo que transbordou vinha produzindo dados divergentes sobre as distâncias, conforme a Marinha.

Coppe e NOAA mostram uma distância entre a costa do Nordeste e o foco do derramamento na ordem de 270 a 600 quilômetros. Antes, a distância levada em conta chegava a até 800 quilômetros. A Coppe, há cinco dias, falava numa distância de 600 a 700 quilômetros.

– Os estudos mostram uma proximidade (entre o provável foco do vazamento e a costa atingida) maior do que sabíamos até agora – disse ao GLOBO o capitão de fragata Leonardo Diogo da Silva, superintendente de Meteorologia e Oceanografia do Centro de Hidrografia da Marinha.

O Centro de Hidrografia é responsável por uma das frentes da investigação tocada pela Marinha. Cuida de uma análise das correntes marítimas que possa ajudar a precisar a fonte de emissão do óleo.

á o Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira cuida das análises químicas, com foco em descobrir, por exemplo, quanto tempo o petróleo permaneceu na água. A frente de investigação que cuida do fluxo de navios está a cargo do Centro Integrado de Segurança Marítima. O centro já foi avisado sobre a possibilidade de o derramamento ter ocorrido a uma distância menor do que se sabia até agora.

Análises preliminares também foram enviadas à Marinha pela Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). As duas instituições ainda enviarão estudos mais consolidados. Com dados convergentes, mostrando áreas mais restritas, a Marinha espera poder afunilar as investigações, com uma redução do escopo de navios a serem buscados, por exemplo.

A Força é responsável por liderar o Plano Nacional de Contingência, acionado neste mês diante da dimensão da tragédia. Duzentas localidades, em todos os estados do Nordeste, foram contaminadas pelo petróleo. Entre esses locais estão as praias mais turísticas do Brasil e regiões de mangues e corais com uma riquíssima biodiversidade. Duas decisões da Justiça Federal, de Alagoas e Pernambuco, obrigam o governo federal a proteger esses mangues e corais do impacto do óleo.

Fonte: O Globo