Nosso parceiro Machado Freire – jornalista que tanto trabalho tem por Pernambuco, sendo atualmente editor da Folha do Sertão, registra o falecimento do seu irmão José Freire da Silva Filho.
Este blog se solidariza com toda família, na dor da partida, mas na alegria da esperança viva de que a morte compreende uma passagem para a vida eterna.
Confira o texto escrito por Machado Freire:
São os desígnios de Deus. É a Lei natural da coisas e não não temos como provar o contrário.
Perdi hoje o meu irmão José Freire da Silva Filho- a quem todos (somos onze) tratávamos por Zezinho, que já nasceu tricolor. Era Santa Cruz com todo gás!
Foi o primogênito e recebeu o nome de papai, José Freire da Silva, homem de esquerda, democrata e de temperamento forte!
O José que recebi no batismo, foi por conta das circunstância do meu nascimento: nasci laçado e enrolado pelo cordão umbilical, numa madrugada de quarta-feira, um dia 20. A crendice popular lembra que quem vem ao mundo nessa situação deve receber o nome de JOSÉ. E dona Ninália, minha mãe (nome único no mundo) era muito católica.
Pois bem, Zezinho -que nos deixa hoje, era um cara que nasceu com o espírito de luta. Nos bairros onde moramos, em Caruaru, por exemplo, ele era chamado pelos amigos de “delegado da Coréia”, na condição de líder (do bem) com colegas que empinavam papagaios, jogavam bila, futebol de bola de meia. Depois, claro, veio a bola de couro, que conheceu quando se juntou aos juvenis do Central de Caruaru.
Foi líder estudantil e já participava do movimento nacional, ao lado do ex-presidente Étore Labanca, que presidiu a UNE e hoje é prefeito de São Lourenço da Mata.
Zezinho viveu uma temporada boa no Recife. Sujeito bonito e elegante,era o preferi nos balcões das Casas José Araújo pelas madames da Capital. Em Salgueiro, ele trabalhou na loja de tecidos de João Muniz, ao lado de Antonio Guriatã, apelido que meu irmão lhe deu e ficou como “marca registrada”. Terezinha Franklin sempre foi uma presença feminina muito importante na loja que faz história na rua Raimundo de Sá.
Homem viajado no mundo, meu irmão terminou se tornando bancário. Seu primeiro e último emprego foi no Banco do Nordeste do Brasil, o BNB. Trabalhou em várias agências, inclusive em outros estados, como a Bahia e Ceará. Aposentou-se e permaneceu morando em Irecê, onde está sendo sepultado hoje.
Era um homem lúcido aos 76 anos de idade. A diabetes -a chamada “doença silenciosa”- que só veio a ser “conhecida” nos últimos tempos, foi mais forte do que a coragem e determinação de Zezinho.
Mas a morte foi “generosa” e chegou quando ele dormia, talvez sonhando com os anjos bons, com a recuperação da economia do nosso País, com a possibilidade de termos mais vergonha e pudor político-administrativo no Brasil. E, quem sabe, na recuperação do nosso Santa Cruz.
Vá, meu irmão,ao encontro de papai e mamãe. Diga-lhes que nós (esses dez que ficam aqui na terra) continuam firmes, como filhos de Deus, e certos de que os ensinamento que recebemos deles continuam valendo por muitas universidades.
O que não é nosso, é alheio!
Abraço cada um de vocês e agradeço a todos de uma vez !
Foram dezenas de mensagens e telefonemas enviados a mim e meus irmãos.
Delas doídas, outras singelas, simples e verdadeiras. Mas a maioria trazia o carinho e a solidariedade de pessoas que têm sentimento e sabem avaliar a dor de uma saudade.
Que sabem o que é perder um ente querido e, no nosso caso, o irmão mais velho, que tinha o meu nome e o nome do meu pai.
Sinceramente agradecido e reconfortado por esse gesto largo de benevolência e de bons propósitos.
Gostaria, em meu nome e de todos meus irmãos e parentes, em todos os graus, agradecer a todos vocês, inclusive pessoas que não conhecia e que a partir de hoje passam a morar no meu coração.
Deus estará sempre conosco. Com todos àqueles que acreditam na existência de um Ser Supremo.
Fiquem todos com Deus.