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“Era uma cena dantesca”, diz juiz que visitou presídio de Manaus

Luís Carlos Valois é juiz da Vara de Execução Penal do Tribunal de Justiça do Amazonas. Mensalmente, ele visita o Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, para verificar aspectos como as condições do local e a progressão de pena dos detentos. Na manhã desta segunda-feira 2, Valois se deparou na casa de detenção com um pesadelo: uma pilha de corpos de presos assassinados durante a rebelião. 

Integrante da associação Juízes para a Democracia, Valois é conhecido por defender os direitos dos presidiários. Na noite de domingo 1º, deixou sua casa rumo ao Compaj atendendo um pedido do secretário de Segurança Pública do Amazonas, Sérgio Fontes. O nome de Valois tinha sido sugerido pelos presos como interlocutor para negociar o encerramento do motim. 

Ainda na noite de domingo, o magistrado ajudou na entrega de três reféns e conseguiu que os presos deixassem a área onde ficam os detentos do regime semi-aberto, contígua à área reservada aos de regime fechado. As negociações seguiram pela madrugada, mas só na manhã desta segunda os presos aceitaram encerrar o motim e entregar o restante dos reféns. Ali, o massacre veio à tona.

“Quando eles estavam entregando os reféns, vi os corpos que sobraram. Era uma cena dantesca”, afirma Valois em entrevista por telefone a CartaCapital. Segundo o juiz, os presos mortos no local foram esquartejados e seus membros foram empilhados na porta do presídio. “Parecia um contêiner de braços e pernas, uma cena chocante”, diz.

A rebelião no Compaj terminou com ao menos 60 mortos, segundo Sérgio Fontes, o secretário de Segurança Pública do Amazonas. O número ainda não está confirmado, mas esta é a maior matança em um presídio brasileiro desde 1992, quando 111 detentos foram mortos por policiais militares durante o Massacre do Carandiru, em São Paulo.

Fonte: CartaCapital