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Delegado da Lava Jato fere conduta ética da Polícia Federal, diz defesa de Lula

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) emitiu nota à imprensa criticando a atuação do delegado federal Igor Romário de Paula, que coordena as investigações da Operação Lava Jato. O advogado Cristiano Zanin Martins considera que a atuação do policial fere o Código de Ética da corporação e evidencia “parcialidade” nas diligências contra o petista.

Em entrevista publicada nesta sexta-feira (27) no portal UOL, De Paula afirmou que o “timing” para uma eventual prisão de Lula pode surgir em um período de 30 a 60 dias. A declaração – que foi alvo das críticas da defesa do petista – foi um contraponto a um comentário feito no dia 14 de janeiro pelo delegado federal Maurício Moscardi Grillo, que disse à revista Veja que a PF havia perdido o “timing” para prender o ex-presidente.

O delegado-chefe da Lava Jato defendeu que quando Lula foi conduzido coercitivamente para prestar depoimento à PF, em março do ano passado, não havia elementos que justificassem um pedido de prisão preventiva do ex-presidente. Na ocasião, foi deflagrada a 24ª fase da operação. “Não acho que a gente perdeu o timing. Esse timing pode ser daqui a 30 a 60 dias. A investigação que envolve o ex-presidente Lula é muito ampla”, disse De Paula na entrevista.

O advogado Cristiano Zanin Martins considera que “divulgação pela imprensa de fatos ocorridos na repartição configura transgressão disciplinar”, de acordo com a lei 4.878/65, que disciplina o regime jurídico dos policiais da União. O artigo 43 do texto, inciso I, considera como transgressão disciplinar “divulgar, através da imprensa escrita, falada ou televisionada, fatos ocorridos na repartição, propiciar-lhes a divulgação, bem como referir-se desrespeitosa e depreciativamente às autoridades e atos da administração”.

Martins voltou a acusar a operação de ter caráter político e de perseguição contra Lula . “Há pré-julgamento, parcialidade, vazamentos e comportamentos que violam a ética e a conduta profissional por parte de diversas autoridades envolvidas nas investigações e processos referentes ao ex-presidente. É o ‘lawfare’, como uso da lei e dos procedimentos jurídicos para fins de perseguição política, exposto reiteradamente pela defesa de Lula, que fica cada vez mais claro a cada pronunciamento de agentes públicos que participam da Operação Lava Jato”, diz o texto.

Fonte: Último Segundo