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Corpo do ator José Wilker é velado em teatro na Zona Sul do Rio

O corpo do ator José Wilker começou a ser velado por familiares pouco depois das 22h20 deste sábado (5), no Teatro Ipanema, na Zona Sul do Rio. Wilker morreu na madrugada, aos 67 anos, após sofrer um infarto na casa de sua namorada, no mesmo bairro. A cerimônia, prevista para ser aberta ao público às 23h30, só termina às 15h deste domingo (6). Em seguida, às18h, ele será cremado no Memorial do Carmo, no Caju, Zona Portuária, em evento só para amigos e familiares.

As duas filhas, Isabel e Mariana, e a namorada, Cláudia Montenegro, chegaram por volta das 22h. Entre amigos e colegas de profissão, está o ator Toni Ramos.

Wilker ficou ficou conhecido por trabalhos marcantes em novelas como “Roque Santeiro”, em que interpretou o personagem-título, e “Senhora do destino”, em que interpretou o bicheiro Giovanni Improtta. No cinema, fez filmes como “Bye bye Brasil” e viveu o Vadinho de “Dona Flor e seus dois maridos”.

A última noite de José Wilker, na sexta-feira (4), foi trabalhando. Ele estava dirigindo um espetáculo que tem previsão de estreia para junho e que tem no elenco o ator Ary Fontoura, que passou essa sexta-feira junto com o ator. “Ele estava magnificamente bem. Estava apressando o trabalho porque ele precisava fazer uma viagem para América. Na verdade, ele terminou a direção dele neste dia”, disse Ary, neste sábado.Sua última participação em novelas foi em 2013, em “Amor à vida”, de Walcyr Carrasco, no papel do médico Herbert. Em 2012, ele foi o coronel Jesuíno no remake de “Gabriela”, baseada no livro “Gabriela Cravo e Canela”,  de Jorge Amado. Na versão original, exibida em 1975, havia feito Mundinho Falcão. Na TV Globo, participou de quase 30 novelas. Com Lima Duarte, dividiu cenas inesquecíveis.

“Ele abre um buraco no meu coração, na minha vida. Difícil de ser preenchido. Mas resta-me saber que sobre a argila há de sobrar sempre aquele humor, aquele glamour, aquela graça que vocês podem constatar vendo em todas as cenas que eu fiz com ele”, revelou Duarte.

Com Mauro Mendonça, ele dividiu Dona Flor. “Sempre firme no papel e era muito divertido no Dona Flor. Eu tive episódios realmente muito engraçados. Ele partiu mas deixou a amizade e a lembrança dos amigos e a sua obra, seu trabalho”, afirmou. A amiga Betty Faria falou sobre o bom humor do amigo. “Um humor, uma cultura, uma solidariedade. Momentos difíceis, ele estava ali. Um amigão”, Betty Faria.

Começo
José Wilker de Almeida nasceu em Juazeiro do Norte no dia 20 de agosto de 1946 e se mudou com a família, ainda criança, para o Recife. A mãe, Raimunda, era dona de casa, e o pai, Severino, caixeiro viajante.

O primeiro trabalho de Wilker foi com apenas 13 anos, como figurante no teleteatro da TV Rádio Clube, do Recife. “Ficava por ali aguardando alguma ponta”, lembrou ele em depoimento ao site Memória Globo. A aparição inicial foi como cobrador de jornal na peça “Um bonde chamado desejo”, de Tennessee Williams.

Sua carreira no teatro começou no Movimento de Cultura Popular (MCP) do Partido Comunista, onde dirigiu espetáculos pelo sertão e realizou documentários sobre cultura popular. Em 1967, Wilker se mudou para o Rio para estudar Sociologia na PUC, mas abandonou o curso para se dedicar exclusivamente ao teatro.

Em 1970, após ganhar o prêmio Molière de Melhor Ator pela peça “O arquiteto e o imperador da Assíria”, foi convidado pelo escritor Dias Gomes o para o elenco de “Bandeira 2” (1971), sua primeira novela. Seu personagem foi Zelito, um dos filhos do bicheiro Tucão (Paulo Gracindo).

“Eu fazia teatro há dez anos, não tinha nada. Uma semana depois de estar no ar, eu era um cara com uma conta no banco, identidade, residência fixa e reconhecimento na rua. A resposta era muito imediata, intensa. Acabei gostando”, afirmou Wilker ao Memória Globo.

Ele interpretou o seu primeiro papel principal na TV em 1975: foi Mundinho Falcão em “Gabriela”, adaptação de Walter George Durst do romance de Jorge Amado, um marco na história da teledramaturgia brasileira.

Fonte: G1