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Ciro Gomes, prestes a selar apoio do PSB: “É praticamente a garantia da eleição”

Após anunciar a desistência de Joaquim Barbosa à presidência, o PSB automaticamente se transformou na noiva mais cobiçada destas eleições. Em Pernambuco, reduto do Partido Socialista Brasileiro e diretório crucial para as decisões da sigla, os socialistas são assediados por duas grandes forças. De um lado, o PT, que pode rifar a campanha de Marília Arraes ao Governo estadual em troca de apoio à incerta candidatura de Lula. Do outro, o PDT de Ciro Gomes, candidato que não passa dos 11% das intenções de voto por enquanto. Sabendo que sua pretendente é disputada, Ciro Gomes esteve nesta semana no Recife para conversar com o governador Paulo Câmara (PSB) sobre alianças. Foi a segunda vez em menos de seis meses que o pedetista veio até o governador pernambucano. “Segunda vez, fora as vezes em que nos encontramos fora daqui”, corrigiu Ciro, em conversa com EL PAÍS no dia seguinte ao encontro.

A agenda do pedetista no Estado foi breve. Vindo de Fortaleza, chegou na terça-feira à tarde ao Recife, juntamente com dois assessores e a esposa, Giselle Bezerra. Com o pé imobilizado por uma bota ortopédica – “torci brincando com meu filho de dois anos e meio na sala. É essa coisa de ser pai-avô, né?”, explicou -, foi direto para o Palácio das Princesas, sede do governo local, onde conversou a portas fechadas com o governador Câmara e com o prefeito do Recife, Geraldo Julio, também do PSB. A conversa ocorreu a pedido de Ciro. Depois, deram uma entrevista coletiva e seguiram para a casa de Renata Campos, viúva de Eduardo Campos, candidato a presidente nas últimas eleições. Foi a primeira vez que Ciro esteve com Renata desde a morte de Eduardo, em agosto de 2014. A viúva é uma das peças principais nas decisões do partido.

Nos bastidores, a aliança é tida como certa e deve ser anunciada nos próximos dias. Nesta semana, 17 de 24 presidentes de diretórios regionais do PSB sinalizaram à presidência nacional do partido que estariam de acordo com a união com os pedetistas. A união só não foi selada oficialmente ainda porque duas questões locais devem ser resolvidas para que o namoro engate. Uma delas é no Estado vizinho de Pernambuco, a Paraíba. Ali o governador Ricardo Coutinho (PSB), e sua vice, Lígia Feliciano (PDT), compõem a chapa estadual. Mas eles romperam publicamente em abril deste ano. Contrariando as previsões, Coutinho anunciou que não renunciaria ao cargo para disputar o Senado, não deixando assim, que Lígia Feliciano se tornasse a titular e tivesse a máquina do Estado nas mãos para uma campanha à reeleição. Coutinho acabou sendo acusado pelo PDT local de ter deixado sua vice “de escanteio”. Lígia Feliciano, por sua vez, é acusada pelo governador de ter articulado “pelas costas” um novo governo sem seu consentimento, antes mesmo de ele decidir sobre a não renúncia.

O desentendimento terminou com um racha entre as siglas. Com isso, o PDT deu o aval para que Lígia lançasse sua pré-candidatura ao Governo, enquanto o PSB deve lançar João Azevedo para a disputa. Um outro fator pesa neste Estado. Coutinho é muito próximo dos dois ex-presidentes petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff e estaria aguardando alguma sinalização do PT para o pleito.

Já no Distrito Federal, o impasse do PDT está entre apoiar a reeleição do governador Rodrigo Rollemberg (PSB), que amarga baixos índices de aprovação, ou a pré-candidatura de Jofran Frejat (PR), na chapa da direita. Uma terceira opção, ainda que com menor força, seria o PDT lançar a candidatura do presidente da Câmara Legislativa do DF, Joe Valle. Pessoalmente, ele prefere concorrer ao Senado ou como vice em alguma chapa. A reportagem apurou que Rollemberg, por enquanto, é visto como “a última opção” de apoio, o que pode causar ruídos entre as siglas.

Nos demais Estados, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, a aliança já está sacramentada. Muito se fala, inclusive, que o vice de Ciro será o empresário e ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB). Ao EL PAÍS, o pedetista não confirmou, mas disse que, “idealmente”, seu vice seria um “representante do setor produtivo e da agenda do Sul e do Sudeste”, características que se encaixam perfeitamente em Lacerda. “Eu sou nordestino, então o ideal seria um vice que fosse o oposto”, afirmou Ciro.

Enquanto o jogo dos palanques não se resolve, o pré-candidato afirma esperar “humildemente” pela decisão do PSB. “A imensa maioria do PSB nos Estados tem afinidade com o meu partido. Mas aqui, o PT rivaliza conosco com essa aliança, o que é normal em tempos de democracia”, disse ele. “A mim, cabe aguardar com humildade que eles possam me ajudar a fazer historia no Brasil”. No altar, à espera da vinda dos socialistas, Ciro sabe o quanto a sigla representa para sua candidatura. “Uma aliança com o PSB representa tudo. Praticamente a garantia da eleição”, disse. “O que não quer dizer que sem eles eu não tenha chance, mas a chance se debilita”.

Fonte: EL País