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Centrais sindicais e partidos de esquerda se unem no 1º de maio para criticar Bolsonaro

A celebração do Dia do Trabalho em São Paulo, berço do sindicalismo, uniu pela primeira vez dez centrais sindicais , duas frentes populares e representantes de partidos de esquerda como PT, PSOL e PSTU em um ato crítico ao governo do presidente Jair Bolsonaro.

O mesmo palanque reuniu Fernando Haddad (PT) e Guilherme Boulos (PSOL), candidatos derrotados na disputa pela Presidência em 2018, e o deputado Paulinho da Força (Solidariedade), que teve um papel de destaque na costura que levou ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) em 2016. Quando o nome do deputado foi anunciado durante o ato, parte da plateia respondeu com vaias.

Até o início da tarde, cerca de 200 mil pessoas, segundo a organização, passaram pelo Vale do Anhangabaú, no centro da capital paulista. A Polícia Militar não divulgou estimativa de público. A prefeitura de São Paulo foi uma das patrocinadoras do ato, mas o prefeito Bruno Covas (PSDB) não foi ao evento. Na plateia, alguns seguravam cartazes com a inscrição “Bruno, você não é bem-vindo”.

Haddad considerou o ato do 1º de Maio como uma espécie de inauguração de uma agenda dos representantes da esquerda contra o governo Bolsonaro.

Patrimônio dilapidado

O candidato derrotado do PT nas eleições de outubro do ano passado reconheceu que parte da população ainda nutre esperanças de que o governo vai conseguir implementar medidas que resolvam parte dos problemas vividos pelo país.

— Mas a cada dia o próprio governo dilapida o seu patrimônio político. As pesquisas de opinião dão conta que os mais pobres estão desistindo desse governo. Porque é um governo que não dialoga com os anseios de quem quer trabalhar e estudar. São segmentos da sociedade que ele discrimina gratuitamente — disse Haddad.

A reforma da  Previdência , proposta mais importante da agenda do governo Bolsonaro, foi escolhida como o foco dos ataques dos representantes dos partidos de esquerda e dos sindicalistas durante o ato no Vale do Anhangabaú. No Rio, nove centrais sindicais organizaram um ato na Praça Mauá, Zona Portuária, também para protestar contra a reforma.

— O atual governo está levando adiante a agenda neoliberal do ex-presidente Michel Temer, com cortes de direitos trabalhistas. E a reforma da Previdência não tem nada de diferente. Queremos que os brasileiros tenham um livro na mão e uma carteira assinada na outra — disse Haddad. 

— O presidente Bolsonaro disse que o ato estaria esvaziado e aqui está nossa resposta. Nós vamos colocar o Brasil no eixo de novo. Não é possível que um país deste tamanho tenha que acabar com a Previdência. O governo precisa de uma política de crescimento econômico — disse Vagner Freitas, presidente da CUT.

Miguel Torres, presidente da Força Sindical, classificou como histórico a unificação das centrais no ato desta quarta-feira. Para Ricardo Patah, presidente da UGT, a unificação das centrais foi uma quebra de paradigma. A União Geral dos Trabalhadores (UGT) aderiu ao ato único, mas tem uma posição diferente das demais centrais sobre a reforma da Previdência. A entidade é favorável às mudanças no sistema previdenciário.

Fonte: O Globo