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Burocracia fatal

29_mhb_sp_190falhouMesmo após ter pedido ajuda à polícia por telefone, um comerciante de Aracaju (SE) foi morto a tiros.

Eraldo de Jesus Santos, 42 anos, desconfiou de dois motociclistas parados em frente ao depósito de bebidas de que era dono e ligou para o serviço 190, do Centro Integrado de Operações em Segurança Pública (Ciosp). A atendente, no entanto, pediu mais informações. Santos foi baleado cerca de quatro horas após desligar o telefone.

A ligação, segundo a Secretaria da Segurança Pública do Estado, ocorreu por volta das 7h30min de segunda-feira. Santos estava no estabelecimento com o dinheiro das vendas no fim de semana do Pré-Caju, o Carnaval fora de época de Aracaju. A quantia é avaliada em R$ 80 mil.

A atendente perguntou se os motoqueiros eram suspeitos e se havia informações sobre a placa da moto ou das características das pessoas. Santos disse que não poderia obter os dados. Na conversa, ela insistiu em que as informações fossem repassadas. O comerciante desistiu e desligou.

Por volta das 11h30min, ele saiu do local e foi abordado pelos suspeitos, que levaram o dinheiro e o mataram com um tiro na cabeça. Segundo a secretaria, a atendente falhou porque não repassou a ocorrência à Polícia Militar. Ela foi demitida no dia seguinte ao crime.

Os atendentes não integram a polícia: são funcionários de uma empresa terceirizada. Conforme a secretaria, geralmente eles fazem um treinamento de cerca de dois meses, no qual passam por situações simuladas de urgência e são acompanhados por policiais. A atendente, porém, havia passado por um treinamento mais “intensivo”.

A GRAVAÇÃO
Comerciante: Bom dia, aqui tem dois motoqueiros parados só de olho. Tem mais de cinco minutos.
Atendente: Eles estão fazendo algo suspeito?
Comerciante: Para mim, estão fazendo algo suspeito. Se é motoqueiro, é suspeito ficar parado há muito tempo. Eles não são moradores da rua. Estão parados há muito tempo e não tiram os capacetes da cabeça. Não tiram o capacete.
Atendente: A placa da moto?
Comerciante: Eu não vejo. Não posso ir até lá ver. Só sei que ele está parado olhando.
Atendente: O senhor visualizou a característica dos indivíduos?
Comerciante: Não. Não conheço. Estão com capacete na cabeça, como é que vou saber?
Atendente: Eu peço que o senhor tenha as características do indivíduo para me passar.
Comerciante: Está certo. Está bom. Tchau.

Fonte: Zero Hora