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Brasil acredita em acordo pós-Kyoto

banner_cop16Apesar do discurso cético que impera em Cancún, onde acontece a Conferência de Mudanças Climáticas das Nações Unidas (COP-16), o Brasil anunciou, ontem, que houve avanços rumo à construção de uma segunda fase do Protocolo de Kyoto. O documento expira em 2012 e é a única base legal mundial para redução das emissões de gases de efeito-estufa. No ano passado, em Copenhague, havia expectativa do anúncio de um novo documento vinculante, mas a falta de entendimento entre países ricos e em desenvolvimento frustraram a evolução do debate.

Tradicionalmente um dos melhores negociadores da convenção-quadro das Nações Unidas, o Brasil já havia, na terça-feira, se disponibilizado a mediar os conflitos políticos que colocam o tema mudanças climáticas em risco. Em coletiva de imprensa, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, afirmou que as partes já começam a se mostrar mais dispostas a negociar um documento pós-Kyoto. “Em todas as consultas que fizemos, os países têm demonstrado vontade política para alcançar um novo acordo para o segundo período de compromisso do Protocolo de Kyoto. Estou otimista de que podemos alcançar este objetivo”, disse.

Além dos Estados Unidos, que não assinaram Kyoto e são contra um acordo que exclua os emergentes da obrigação de cortar emissões de CO², a China tem criado entraves em Cancún. Os negociadores chineses já afirmaram diversas vezes que o país, em pleno crescimento econômico, não aceita ter metas de redução definidas no âmbito das Nações Unidas. Os chineses também não têm poupado críticas aos Estados Unidos, a quem consideram poluidores históricos e, por isso, mais responsáveis pelo aquecimento global.

A China é o maior emissor de CO² do planeta, seguida pelos EUA. Como o Brasil mantém boas relações com os dois países, a expectativa é que consiga mediar os conflitos e chegar a um meio-termo. Apesar de se dizer otimista, Izabella Teixeira também foi cautelosa na entrevista coletiva: “Neste momento, estamos atuando no nível político. O que nós ainda precisamos resolver é que acordos técnicos precisaremos adotar, tendo em vista os caminhos das negociações que temos hoje”, disse.

Ontem, a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal) divulgou uma nota à imprensa, afirmando que as mudanças climáticas na região podem provocar uma perda equivalente a 1% do Produto Interno Bruto (PIB) anual entre 2010 e 2100. Os prejuízos estariam relacionados a secas, inundações, furacões, elevações do nível do mar e modificações nos períodos de chuva, que afetariam atividades como a agricultura.

Da redação do blog de Alvinho Patriota

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