Forças pró-Rússia na península da Crimeia atacaram nesta quarta-feira (19) duas bases da Marinha da Ucrânia. Foram alvo a sede da Marinha em Sebastopol e a base Sul em Novoozerne, oeste da república autônoma.
O primeiro ataque ocorreu em Sebastopol, quando quase 200 milicianos pró-Rússia ocuparam a sede da Marinha ucraniana.
Os milicianos anunciaram a captura do comandante do local, Serguei Gayduk.
“(O acesso) Estava bloqueado e (ele) não tinha para onde ir. Foi forçado a sair e o levaram”, disse à imprensa o representante das tropas russas no local, Igor Yeskin.
Oficiais ucranianos, desarmados e vestidos com roupas civis começaram a deixar o prédo após o domínio do local por forças russas, segundo a agência de notícias Reuters.
De acordo com a agência de notícias oficial russa Itar-Tass, os militantes hastearam três bandeiras russas na sede da Marinha ucraniana. Antes de entrar no local, eles protestaram diante do prédio e cortaram a cerca de proteção. As forças russas tomaram o controle de pelo menos uma parte da base, sem efetuar disparos.
De acordo a imprensa local, os manifestantes propuseram aos soldados ucranianos que se rendessem e se unissem a eles ou abandonassem a base, a cidade de Sebastopol e a Crimeia.
Horas depois, as forças russas fizeram o ataque em Novoozerne, derrubando o portão com um trator, anunciou o porta-voz do ministério da Defesa ucraniano.
Depois, os “soldados russos” interromperam o avanço, informou Vladislav Seleznev no Facebook. Segundo o porta-voz, os militantes estavam diante de militares ucranianos armados.
Esse foi o sinal mais claro até agora de que soldados russos e as chamada unidades de “autodefesa” – formadas na maioria por voluntários desarmados que apoiam os russos – começaram a tomar o controle de instalações militares ucranianas na península do Mar Negro.
Integração
Também nesta quarta-feira, o Tribunal Constitucional russo validou por unanimidade a incorporação à Rússia da península da Crimeia, que decidiu de forma unilateral separar-se da Ucrânia.
O tratado de incorporação, assinado na terça-feira (18) pelo presidente Vladimir Putin, “está de acordo com a Constituição russa”, afirmou o presidente do tribunal, Valeri Zorkin.
Em mais um ponto de tensão, as autoridades da Crimeia anunciaram que proibirão a entrada em seu território do ministro ucraniano da Defesa e do vice-primeiro-ministro, que informaram sobre sua intenção de visitar a península separatista nesta quarta-feira.
O anúncio foi feito em Moscou pelo primeiro-ministro da Crimeia, Serguei Axionov.
“(Eles) Não são bem-vindos à Crimeia. Ninguém permitirá que entrem e nós os enviaremos de volta ao local de onde vieram”, disse Axionov à agência russa Interfax.
Poucos minutos antes, o governo ucraniano declarou que o ministro da Defesa, Igor Teniukh, e o vice-primeiro-ministro, Vitali Yarema, pretendem viajar nesta quarta à Crimeia para “acabar com a escalada” militar na península, que decidiu pela separação da Ucrânia e por sua incorporação à Rússia.
“O primeiro-ministro ucraniano Arseni Iatseniuk pediu que Igor Teniukh e Vitali Yarema viajem à Crimeia para tentar resolver a situação e acabar com a escalada”, disse o ministro sem pasta Ostap Semerak.
Ataques
A Ucrânia denunciou na terça-feira que um suboficial de suas Forças Armadas morreu baleado por supostos soldados russos em uma base em Simferopol, um incidente no qual um capitão ucraniano também ficou ferido.
Segundo as autoridades da Crimeia, um membro das milícias russas de autodefesa morreu e outros dois foram feridos por disparos de franco-atiradores perto da mesma base militar ucraniana.
O presidente russo, Vladimir Putin, e dois líderes da Crimeia assinaram na terça-feira um acordo para integrar essa república autônoma à Rússia – o tratado, porém, ainda não foi reconhecido pela Ucrânia nem pelo Ocidente.
O tratado de adesão da Crimeia foi assinado no Kremlin, sede do governo russo, dois dias após o povo da república autônoma ter aprovado, em referendo, a separação da Ucrânia e a sua reunificação com a Rússia. O referendo foi condenado por Kiev, pela União Europeia e pelos Estados Unidos, que o consideraram ilegítimo.
Fonte: G1