“Antes de começar, governo Bolsonaro já provoca uma tragédia social”, diz Dilma Rousseff

A ex-presidenta Dilma Rousseff foi ovacionada na abertura do 8ª Conferência da Clacso (Conselho Latino-americano de Ciências Sociais), que ocorre em Buenos Aires, com a participação de cerca de 30 mil pessoas, segundo a organização. Dilma afirmou que daria “um testemunho do que se passa no Brasil”. Para ela, o país entrou numa rota trágica, neoliberal, neofacista e autoritária.

Questionada como se dará a resistência do povo brasileiro diante desse cenário, a petista destacou que a “retirada sistemática de direitos levará à reação popular”. “Acredito que o povo brasileiro tem uma vantagem em relação aos momentos anteriores, sabe que foi possível no Brasil crescer e distribuir renda e aumentar o atendimento dos serviços à população. Ele vai perder isso. Já começou, com as declarações de Bolsonaro que levaram à retirada dos cerca de 9 mil médicos cubanos”, disse.

Dilma lembrou que o país sofre com a falta de médicos nacionais nas periferias e comunidades indígenas. “Utilizaram critérios ideológicos sobre uma política social de governo. É uma catástrofe. Antes de começar, o governo já provoca uma tragédia social.”

Para a ex-presidente, Bolsonaro traz “ao mesmo tempo uma proposta de governo que se caracteriza por um alinhamento submisso aos EUA e claro corte neoliberal de retirada de direitos e destruição do Estado”.

Fonte: Fórum

Marcelo Piloto será julgado no Brasil pelo assassinato de jovem de 18 anos

O assassinato de Lídia Meza, a jovem e 18 anos morta no sábado dentro da cela de Marcelo Pinheiro Veiga, no Paraguai, será julgado no Brasil. De acordo com os promotores que atuam no caso, em coletiva de imprensa no país vizinho, todas as provas arrecadadas serão enviadas para a Justiça brasileira.

Os investigadores já apreenderam o livro de visitas da Agrupación Especializada, um quartel da Polícia Nacional onde Piloto estava preso desde dezembro do ano passado. O celular da vítima e a faca usada no crime também já foram recolhidos. A linha de investigação é homicídio doloso, que pode ser agravada pelo feminicídio.

De acordo com o procurador de assuntos internacionais do Paraguai, Manuel Doldán, a transferência do processo é possível de acordo com o tratado internacional.

— Esse caso será julgado no Brasil, uma vez que tenhamos todas as provas pertinentes. A transferência acontece de acordo com o marco da convenção internacional, especialmente quanto ao crime organizado.

A procuradora-geral da República do Paraguai, Sandra Quiñonez, ressaltou que o crime não ficará impune.

— Estamos trabalhando no esclarecimento total da morte desta jovem, com a Polícia Nacional e o Ministério do Interior. Não vai ficar impune. Esta é a mensagem que quero transmitir aos meus compatriotas, que a ida de Piloto não significa impunidade. Já estamos fazendo comunidação com nossos pares no Brasil e, uma vez que a Procuradoria do Paraguai recolher todas as evidências da morte desta jovem, vamos enviar ao Brasil para julgamento.

Procurador da República do Brasil e professor de Direito da Uerj, Artur Gueiros considera salutar a decisão pela “Transferência de Processo Penal”.

— A medida é legal e evita impunidade, pois no Paraguai, além de a conclusão do processo ser mais demorada, o criminoso poderia ser julgado à relevia. A atitude também reforça os laços de cooperação penal entre os dos países.

Decisão unilateral do Paraguai

O traficante Marcelo Piloto foi expulso nesta segunda-feira do Paraguai para o Brasil. A autorização para transferência do traficante ao presídio federal foi dada pelo juiz Rafael Estrela Nóbrega, da Vara de Execuções Penais da Capital, que atendeu a pedido do secretário de Segurança do Rio, general Richard Nunes. O Departamento Penitenciário Nacional já tinha indicado a penitenciária paranaense como opção. A autorização, em caráter liminar, fixa prazo inicial de 60 dias para a permanência no Paraná.

A decisão de expulsão de Piloto foi um ato unilateral do presidente do Paraguaio. Autoridades brasileiras só foram informadas da transferência do traficante quando ele já estava em Ciudad del Este, pronto para cruzar a fronteira e ser levado para a delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu. Nesse momento, a Polícia Federal repassou as informações para as autoridades brasileiras e acionou o Departamento Penitenciário Nacional (Depen) em busca de uma vaga para o traficante num presídio federal de segurança máxima. Num rápido despacho, a Justiça autorizou que ele fosse levado para o presídio de Catanduvas.

Autoridades brasileiras entendem que o governo paraguaio decidiu pela expulsão, e não pela extradição, para entregar o mais cedo possível o traficante à Justiça no Brasil. O processo de extradição, que permite a defesa do acusado, pode se arrastar por meses. A expulsão depende apenas de uma deliberação do governo local, ou seja, é sempre um ato unilateral. No Brasil, Piloto poderá responder também por crimes cometidos no Paraguai.

Fonte: EXTRA

Bolsonaro diz que Petrobras pode ser privatizada ‘em parte’

O presidente eleito Jair Bolsonaro afirmou nessa segunda-feira (19) que “parte” da Petrobras pode ser privatizada. Bolsonaro deu a declaração ao ser questionado sobre o assunto durante uma entrevista no Rio de Janeiro.

“Nós estamos conversando sobre isso aí. Eu não sou uma pessoa inflexível. Mas nós temos que, com muita responsabilidade, levar avante um plano como esse aí. Eu vi lá atrás com muito bons olhos a questão da Embraer. Nós podemos conversar, tá certo? Mas entendo como um empresa estratégica que pode ser privatizada em parte”, afirmou.

Ainda na campanha eleitoral, Bolsonaro afirmou à GloboNews que privatizará a Petrobras “se não tiver solução”. “Acaba com esse monopólio estatal e ponto final”, disse ele na ocasião.

‘Carta branca’ de Paulo Guedes

Durante a entrevista dessa segunda-feira, Bolsonaro também comentou a indicação de Roberto Castello Branco para a presidência da Petrobras.

Segundo o presidente eleito, Castello Branco foi indicado pelo futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, que tem “carta branca” para definir a equipe econômica.

“[Castello Branco] é uma indicação do Paulo Guedes. Eu estou dando carta branca a ele. Tudo que é envolvido com economia é ele que está escalando o time. Eu só, obviamente, e ele sabe disso, estamos cobrando produtividade. Enxugar a máquina e buscar, realmente, fazê-la funcionar para o bem-estar da nossa população”, declarou Bolsonaro.

Fonte: G1

Delegada na equipe de Moro integrou Lava Jato e operação marcada por suicídio de reitor

O ex-juiz federal Sergio Moro, futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, trouxe para auxiliá-lo nos trabalhos de transição de governo a delegada da Polícia Federal Érika Marena, que atuou nas operações Lava Jato e Ouvidos Moucos. Na primeira, a delegada teve papel central no início da apuração do escândalo de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobrás; na segunda, ficou marcada por ter feito o pedido de prisão do então reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, que se suicidou menos de três semanas após ser preso.

Os nomes de Erika e de Rosalvo Ferreira Franco, ex-superintendente da PF no Paraná, foram confirmados nessa segunda-feira, 19, por Moro, como integrantes da equipe de transição ministerial e devem fazer parte do Ministério da Justiça e Segurança Pública. A ida de Erika para a pasta foi antecipada pela Coluna do Estadão na sexta-feira, 16. A delegada chegou a ser citada como possível escolha para a Diretora-Geral da PF, mas o principal cotado para a função é o superintendente da PF no Paraná, Maurício Valeixo, amigo de longa data de Moro. 

A Ouvidos Moucos foi deflagrada em setembro de 2017 para combater supostos desvios de dinheiro em programas de ensino a distância da UFSC. A operação ficou marcada pelo suicídio de Cancellier, que deixou um bilhete no qual escrevia: “Eu decretei a minha morte no dia da minha prisão pela Polícia Federal”. 

Na época, houve críticas na comunidade acadêmica e entre autoridades como o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo disse o magistrado dias após a morte de Cancellier, o acontecido “serve de alerta sobre as consequências de eventual abuso de poder por parte das autoridades”. Por outro lado, delegados da PF saíram em defesa da conduta de Erika. A principal associação da classe afirmou que ‘não se pode admitir que terceiros se utilizem da dor e comoção da família para tentar macular a imagem da Polícia Federal.

Os pedidos que basearam a operação foram feitos pela delegada e pelo procurador da República André Bertuol e autorizados pela juíza Janaína Cassol Machado. Cancellier foi solto por decisão da justiça federal no dia seguinte à prisão, mas proibido de entrar na universidade. 

Outra polêmica envolvendo o caso foi a denúncia posterior de que o reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Ubaldo Cesar Balthazar, e o chefe de gabinete da Reitoria, Áureo Mafra de Moraes, teriam cometido o crime de injúriacontra a delegada Erika Marena. Após investigação da PF, a acusação formal foi feita pelo Ministério Público Federal em agosto, mas foi rejeitada pela juíza Simone Barbisan Fortes, da 1.ª Vara Federal de Florianópolis.

A acusação era a de que uma faixa confeccionada por ‘manifestantes não identificados’ e exibida em uma cerimônia em dezembro de 2017 atingiu a ‘honra funcional’ da delegada. No evento, em que foi fixado quadro com a foto de Cancellier na galeria de ex-reitores da UFSC, havia uma faixa com uma foto da delegada e o título ‘As faces do abuso de poder’, além dos dizeres ‘Agentes públicos que praticaram abuso de poder e que levou ao suicídio do reitor’. Para a juíza, porém, “a manifestação indicada na denúncia estaria dentro do exercício da liberdade de expressão, expondo sentimentos de revolta em um momento traumático para a comunidade universitária, sem que tenha havido ofensa à honra da delegada”.

No mês da morte de Cancellier, a família apresentou uma queixa-crime ao Ministério da Justiça contra a delegada federal, pedindo instauração de “procedimento administrativo para apurar a responsabilidade da delegada Érika Mialik Marena pelos abusos e excessos cometidos na denominada Operação Ouvidos Moucos”. O Ministério da Justiça disse que o caso seguiu para o Ministério de Segurança Pública e a análise deveria ser feita pela PF. Em dezembro de 2017, uma sindicância da Corregedoria da PF sobre a conduta da delegada concluiu que não houve irregularidade nos procedimentos adotados na Operação Ouvidos Moucos. A reportagem não conseguiu confirmar se houve arquivamento do caso.

Fonte: Estadão

Seleção para o Mais Médicos terá limitador de vagas por município

O ministro da Saúde, Gilberto Occhi, anunciou nessa segunda-feira (19) que o edital para a convocação de profissionais que vão substituir os cubanos no programa Mais Médicos ocorrerá de forma diferente. Para garantir a transferência de médicos para as cidades onde atuam os profissionais de Cuba, o governo vai criar um limitador de vagas para cada município.

O anúncio foi feito durante encontro do presidente Michel Temer com prefeitos na sede da Confederação Nacional dos Municípios (CNM), em Brasília, ocasião em que Occhi assinou uma norma permitindo a liberação do edital, que será publicado hoje (20) no Diário Oficial da União.

Ao todo, o edital disponibilizará 8.500 vagas a serem oferecidas a todos os médicos que têm CRM, brasileiros ou estrangeiros formados no Brasil.

A partir de quarta-feira (21), os médicos brasileiros interessados em suprir as vagas deixadas pelos cubanos poderão se inscrever para a seleção. Caso o número de médicos de um município seja preenchido, ele não poderá mais ser escolhido pelos concorrentes ao cargo, como ocorria antes.

As medidas são para evitar que cidades tenham muita procura e outras fiquem sem interessados. De acordo com a CNM, entre os mais de 1.500 municípios que têm somente médico cubano no programa, 80% têm menos de 20 mil habitantes e correm o risco de sofrer com desassistência básica de saúde.

Segundo o ministro Gilberto Occhi, 17 mil médicos brasileiros aguardam a divulgação desses editais. Occhi anunciou ainda que o governo estuda uma “forma mais ágil e mais rápida para implantação de um novo Revalida, para que médicos brasileiros formados no exterior possam exercer a sua profissão com segurança”.

O Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeira (Revalida) reconhece os diplomas de médicos que se formaram no exterior e querem trabalhar no Brasil. O exame é feito tanto por estrangeiros quanto por brasileiros que se graduaram em outro país e querem exercer a profissão.

Na próxima segunda-feira (26), um novo edital será aberto para médicos brasileiros e estrangeiros formados exterior.

Fonte: Agência Brasil