O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), resolveu suspendeu na tarde de hoje (18) a sessão conjunta da Câmara e Senado para acalmar os ânimos dos parlamentares, já que vários líderes protestaram pela forma – que consideraram açodada – como foi aprovado o Projeto de Lei (PLN) 8/16. O texto abre crédito suplementar de R$ 1,1 bilhão para o Ministério da Educação. Esses recursos são destinados à realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e ao pagamento a bancos por serviços prestados no âmbito do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Com a aprovação, a matéria segue a sanção presidencial, mas não sem reclamações.
Diante de atrasos nas últimas sessões conjuntas do Congresso, que chegaram a ser adiadas por três vezes, em datas anteriores, Renan resolveu adotar um sistema de votação mais rápida, sem dar tempo aos deputados e senadores para orientar seus votos. Com isso, logo após a aprovação da matéria, a confusão se tornou tão intensa que não restou outra alternativa a não ser determinar uma interrupção. Dois dos principais críticos da estratégia foram a líder da minoria na Câmara, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), e o deputado Ivan Valente (Psol-SP).
A irritação começou cedo. A sessão foi programada para ter início às 11h, mas foi iniciada de verdade – quando o plenário começou a registrar quórum – por volta das 13h40. Apesar de a bancada do PT ter dito que iria obstruir alguns itens da pauta, a principal dificuldade para garantir o quórum veio dos próprios integrantes da base aliada do governo Michel Temer, que demoraram para comparecer ao plenário.
Para Ivan Valente, que queria tempo para discutir melhor a matéria referente aos créditos do Fies, a votação ocorreu de forma absurda. “Esse dinheiro liberado para o Fies é para salvar o sistema privado de ensino, e parte disso deveria ir para o ensino público. É um ponto que precisa ser discutido amplamente”, afirmou. “Matérias importantes como essa não podem ser votadas dessa forma. Isso é inadmissível”, completou Jandira.
Em resposta, Renan lembrou que a sessão conjunta vem sendo adiada sucessivas vezes e prejudicado o andamento dos trabalhos. O presidente do Senado ainda afirmou que só admitiria votação simbólica, em vez de nominal, para evitar obstrução da matéria – e, voltando-se para a oposição, disse que “apesar de entender que obstruir votações seja uma prerrogativa parlamentar, é preciso haver racionalidade na forma de se fazer obstrução”.
Fonte: Rede Brasil Atual