Mais de 20 mil pessoas assistiram às atrações da abertura do Festival Viva Dominguinhos em Garanhuns, no Agreste pernambucano, segundo a Polícia Militar. Aproximadamente 85% dos leitos dos hotéis foram ocupados e a expectativa é de que o comércio aumente em 15% a movimentação em relação aos outros fins de semana. Fizeram show Mourinha do Forró, Maciel Melo, Santanna e Liv Moraes, filha do homenageado. O objetivo do evento – que terminou neste domingo (27) – foi enaltecer o mestre sanfoneiro nascido na ‘Cidade das Flores’, reforçar o autêntico forró e movimentar economicamente o município.
As comemorações iniciaram com Mourinha do Forró, artista do município de Correntes que já cantou com o sanfoneiro e fez questão de relembrar a percepção de aluno para com o mestre. “Eu convidei Dominguinhos para gravar comigo, foi num estúdio humilde e ele fez”, ressaltou a simplicidade. Para registrar a vida do ídolo, o artista cantou uma música composta por ele chamada “Saudade de Dominguinhos”. Na sequência deste show, foi inaugurada a estátua do músico construída pelo mestre artesão local José Veríssimo.
Antes de ir ao palco, Liv Moraes conversou com o G1 sobre a herança musical. “Para mim é uma missão de vida passar adiante a música do meu pai. Até mesmo para quem não ouviu. A gente tem que transmitir Dominguinhos, fazer propagar, fazer ecoar a música, essa é a minha missão daqui pra frente. Como eu o acompanhei, fica mais fácil porque desde os 19 anos que eu canto com meu pai. (…) Isso me deu um pouco de sabedoria para montar o show de um jeito que ele goste”, disse Moraes.
Na primeira noite do evento, o G1 também conversou com Mauro Moraes, filho do primeiro casamento de Dominguinhos. “Falar do meu pai é difícil. O que sinto muita falta dele é de ouvir a voz, de ligar para ele para ouvir e pedir a bênção. E da simplicidade e do respeito. O dia 17 de dezembro [de 2012] foi a última vez que eu falei, para lembrar do aniversário de Netinho, meu filho que recebeu o nome dele. No dia 18, ele não respondia mais e a Liv ligou dizendo que ele estava em coma”.
Forró, MPB e amizade
O cantor e compositor Maciel Melo, o terceiro a se apresentar, afirmou estar viva na memória a bondade com que Dominguinhos lidava com os artistas iniciantes. “Se ele não for pro céu, não existe céu. Ele era uma pessoa com grande generosidade. Quando gravei meu primeiro LP, o ‘Desafio das Léguas’, em 1986, eu o convidei e achava que era uma coisa muito distante, coisa de ídolo e fã”. Maciel também lembrou a musicalidade deste amigo que morreu em 23 de julho de 2013 e cujos restos mortais foram trazidos para a terra natal. “Dominguinhos fez essa ligação do Sertão ao Litoral e também colocou o forró na Música Popular Brasileira. Ele quem colocou o forró no hall das grandes estrelas, como Gal e Gil”.
Ainda para Maciel, está forte a lembrança da última apresentação que fez ao lado de Dominguinhos. “A coisa mais linda da minha vida foi o penúltimo show dele, em 24 novembro de 2012 no Recife. Ele cantou minhas músicas e eu as dele. (…) E ele fez show até o dia de se internar. Quando voltou de Exu se internou. Dominguinhos nasceu, viveu e morreu com a sanfona no peito”.
Santanna encerrou a noite de shows do primeiro dia do Festival Viva Dominguinhos. Ele também recordou momentos com ídolo. “Me marcou a participação dele em meu recente trabalho, em 2012. Nós gravamos ‘Sanfona Branca’, de Benito di Paula em homenagem a Luiz Gonzaga. Tive o privilégio dele cantando a música comigo”. Sobre o Dominguinhos como amigo, O Cantador – como também é conhecido – contou que o encontro foi em 1984 em Exu, na casa de Gonzagão. “Imagine o que é o Rei do Baião apresentar uma pessoa a você. Dispensa comentários”.
Em meio à apresentação, Santanna homenageou Garanhuns cantando “Onde o Nordeste Garoa” e, depois de falar sobre as múltiplas atribuições do mestre, afirmou: “Dominguinhos é o maior músico do mundo”.
Fonte: G1