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‘Não há dúvidas sobre compra de voto no mensalão’, diz Joaquim Barbosa

O ministro relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, deu início nesta segunda-feira (17) à leitura de seu voto sobre o quarto dos sete itens do julgamento do processo, que trata das acusações contra o chamado “núcleo político”. Segundo o ministro, que ainda não absolveu ou condenou formalmente nenhum dos réus, já é possível concluir que existiu um esquema de compra de apoio de deputados para aprovação de projetos do interesse do Executivo durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva . Ainda de acordo com Barbosa, os réus do Partido Progressista (PP), que integrava a base de apoio do governo Lula no Congresso, receberam “milhões em espécie”, lavaram dinheiro e formaram quadrilha.

Nesta segunda, Joaquim Barbosa começou a analisar as acusações contra os réus Pedro Corrêa (ex-presidente nacional do PP), Pedro Henry (ex-líder do partido na Câmara), José Janene (já falecido), João Cláudio Genu (homem de confiança do PP e assessor da direção na época), além de Enivaldo Quadrado e Breno Fishberg, que eram sócios da consultora Bônus Banval. Todos os seis réus são acusados de terem cometido os crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O relator continuará a ler seu voto na sessão de quarta-feira (19).

“Há farta demonstração documental e testemunhal acerca dos pagamentos, das origem dos recursos, não havendo qualquer dúvida a respeito do esquema de compra de votos a esta altura do julgamento”, afirmou Barbosa. “Não vislumbro qualquer deficiência probatória acerca desses crimes.”

Para o ministro relator, “os réus Pedro Corrêa, Pedro Henry, José Janene e João Cláudio Genu formaram quadrilha para a prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro”, contando com a ajuda posterior de Quadrado e Fishberg. Segundo o entendimento de Joaquim Barbosa, a consultora Bônus Banval “passou a servir aos interesses comuns dos réus na ocultação da origem criminosa do dinheiro”. “Conclui-se que a Bônus Banval, não tendo qualquer relação comercial com os depositantes, simplesmente intermediou recebimento dos recursos que anteriormente vinham sendo pagos por Marcos Valério a Henry, Corrêa e Janene com o auxílio de Genu”, afirmou o relator.

Apesar de ainda não ter proferido formalmente seu voto sobre os réus, o ministro Joaquim Barbosa sinalizo que deve pedir a condenação dos ex-parlamentares do PP e dos ex-sócios da Bônus Banval. “De fato, está cabalmente comprovada a trama arquitetada pelos réus para a lavagem de dinheiro em proveito de pessoas indicadas pelo PP. Os recursos oriundos de crimes contra a administração pública seguiram mecanismos complexos de dissimulação e ocultação de sua origem”, disse o relator.

Fonte: IG