Cachorro é resgatado em Salgueiro após ser ameaçado em rede social

Por Raquel Rocha

Protetores de animais do município de Salgueiro resgataram um cachorro da Avenida Antonio Angelim, depois de uma publicação na rede social em que uma moradora solicitava, “às autoridades competentes”, a retirada do animal da frente de sua residência. “Se não tomarem as providências devidas, eu mesma vou resolver essa situação! Aviso dado! Depois não me venham com mi mi mi”.

A moradora alegava que o animal além de impedir o acesso à porta, estava doente. Em outra postagem, ela publicou: “digo e repito, tire o (palavra censurada) desse cachorro da minha porta. Ele está cheio de doença e colocando a vida da vizinhança em risco”.

Um dos protetores que fez o resgate do animal, no sábado (12), Calleb Bezerra, explicou que a retirada do animal, que estava naquela localidade há mais de um ano, era uma ação emergencial. “Tínhamos medo da pessoa que o ameaçou fazer algo de fato. Então tudo foi combinado na hora e no sufoco pra sair na rua e encontrá-lo.” 

Calleb integra o grupo de defesa dos direitos dos animais, em Salgueiro, Amor Animal, e contou que o resgate foi muito fácil. “Mesmo com toda sua condição machucada, ele veio até a gente.”

O passo seguinte foi levá-lo à clínica veterinária onde fez o teste rápido de Leshimaniose, que deu negativo, um hemograma, que apontou leve anemia, e a vermifugação. Além disso, foi medicado para o tratamento de ferimentos espalhados por todo o corpo.

“Ele já está bem melhor. Ainda continua magro, mas seu apetite está voltando aos poucos. A pata mais machucada dele, que antes ele mal encostava no chão, agora, já consegue dar muitos passos. Sua recuperação a cada dia está evoluindo”, explicou Calleb que o batizou de Jorge em homenagem a São Jorge, o santo guerreiro.

Jorge foi acolhido, inicialmente, em caráter temporário, pela costureira Ana Érica, que depois de três dias de hospedagem, decidiu adotá-lo de forma permanente e dividir as responsabilidades da adoção com a irmã Lala. “Estamos muito apaixonadas. Ele é dócil e educado. Um menino de ouro. Eu não consigo mais imaginar outra pessoa cuidando dele.”

Ana Érica, que é mãe de quatro filhos, espera em breve poder fazer o antes e o depois de Jorge, em fotografia.

“Ele não é um resgate, apenas, ele é um aprendizado de como não é difícil amar um ser tão machucado. Ele já sabe que não é da rua mais”, afirmou. 

A cidade de Salgueiro não tem um sistema público de saúde que contemple a atenção aos animais em situação de rua. E, para Calleb, a população não pode ficar de braços cruzados. “Uma vez que não temos essa opção de abrigo público, centro de zoonoses ou nada do tipo, a própria população deveria se conscientizar que os animais de rua são seres vivos, passam fome, sofrem, sentem dor, assim como nós sentimos. É mais uma questão humanitária e solidária em respeito a outras vidas.”

O Grupo Amor Animal faz um apelo para que outras pessoas ofereçam lar temporário a animais em situação de rua até que sejam adotados. “Se Ana Érica não tivesse disponibilizado a casa dela, Jorge iria continuar na rua, ” justificou Calleb.

Violência contra animais – Maltratar animais silvestres, domésticos ou domesticados já era crime ambiental, mas a pena foi elevada para 1 a 4 anos de detenção, com a aprovação de um projeto de lei, no senado, em dezembro de 2018. Antes, a pena era de três meses a um ano. Outra novidade é que pode ser cobrada multa de um até mil salários mínimos para o criminoso e para o estabelecimento comercial que praticar crime ou cometer negligência ou omissão. 

Serviço:
Amor Animal (Salgueiro-PE) 
(Não é abrigo)
087 9 92042745 – Cácia
087 9 9633-8869 – Rafael
087 9 8845-8650 – Jefferson