Menos de 24 horas após ter sido aprovado pelos senadores, o projeto ‘Ficha Limpa’, que impede a candidatura de políticos condenados pela Justiça, se transformou em controvérsia entre a Câmara e o Senado, e polêmica entre juristas, por causa de emenda no texto feita pelo senador Francisco Dornelles (PP-RJ). A alteração trocou a forma de conjugar o verbo. No lugar da expressão original “tenham sido”, ficou “os que forem”, para definir os políticos que serão atingidos pela medida. O projeto foi para sanção do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para o relator da proposta na Câmara, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), a mudança alterou o teor da lei, criando brecha para que políticos com processos em andamento possam se candidatar, mesmo que já tenham sido condenados. “Vai dar uma discussão jurídica grande em relação aos processos em curso”, criticou Cardozo. O senador Francisco Dornelles discorda. “As mudanças nada modificaram os objetivos do projeto”, afirmou Dornelles. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO), relator do caso no Senado, apoiou o colega. “Toda nova conduta ou aquelas que estão sendo julgadas poderão gerar inelegibilidade, basta o Judiciário declarar”.
Porém, para o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ricardo Lewandowski, a alteração no texto vai permitir que políticos condenados antes da entrada em vigor da lei fiquem livres para disputar eleições. “Se prevalecer a redação (do Senado), a meu ver, sem conhecer o texto ainda, é só (para) aqueles que forem condenados depois da promulgação da lei. É a leitura que se faz, pelo menos, gramatical”, disse Lewandowski.
Fonte: O Dia