No Conselho de Ética da Câmara, a votação do relatório que recomenda a cassação de Eduardo Cunha foi adiada
O deputado Carlos Marun, do PMDB, foi o primeiro a chegar ao Conselho de Ética, e ficou parado, esperando a hora em que poderia registrar presença. Ele é aliado de Eduardo Cunha e suplente no Conselho. Sendo o primeiro a ter o nome no painel, ele garantiria o voto caso algum titular do mesmo bloco de partidos não aparecesse para votar.
O presidente do Conselho de Ética comentou o pedido de prisão de Cunha.
“Não posso dizer que influencia ou não influencia. Agora, que pelo menos vai fazer com que os deputados pensem e repensem, com certeza”, disse José Carlos Araújo (PR-BA).
A sessão começou e vários deputados contra e a favor da cassação do mandato de Cunha também comentaram o pedido de prisão. Mas a discussão foi mesmo sobre o relatório de Marcos Rogério, do Democratas, que afirma que Cunha mentiu na CPI da Petrobras, quando disse que não tinha contas no exterior.
O deputado Sandro Alex (PSD-PR) disse que existem provas robustas contra Cunha.
“Quando alguém questiona onde estão as provas contra o representado? Elas estão sobre a mesa! Em todos esses volumes encaminhados pelas instituições como Banco Central, Procuradoria Geral da República, Supremo Tribunal Federal e Ministério Público da Suíça, que confirmam a existência de contas no exterior e, durante todos estes meses, me pareceu até uma brincadeira o tratamento ao trust, como se trust não fosse uma conta, um investimento, um patrimônio, trust então seria uma bênção”, disse o deputado Sandro Alex.
Já o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) disse que não encontrou fatos no relatório que comprometessem Eduardo Cunha.
“Voto aqui no conselho, enquanto estiver aqui, em cima de fatos, e não vi absolutamente nada que me levasse a julgar pelo fato dele ter mentido aqui na Casa, não mentiu. Vamos cuidar para não cometer injustiças, para que nós não possamos ficar bem e deixar alguém e uma família numa situação muito delicada”, afirmou Sérgio Moraes.
O deputado João Carlos Bacelar (PR-BA) preferiu não votar o relatório de Marcos Rogério e apresentou um voto em separado a favor de Cunha: “Penalidade aplicável para suspensão do exercício do mandato por três meses, senhor presidente”.
O deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) reagiu: “Suspensão por três meses do deputado Eduardo Cunha é muito menos que a suspensão por tempo indeterminado que a totalidade do Supremo decidiu.”
E quando ia começar a votação, veio a decisão que surpreendeu o plenário. O relator, Marcos Rogério, pediu um tempo para analisar a proposta alternativa que João Carlos Bacelar tinha acabado de apresentar.
“Para fazer essa análise mais cuidadosamente, e aí eu me comprometeria com Vossa Excelência em apresentar a minha compreensão, minha complementação, as minhas alegações finais para apreciação ainda nesta quarta-feira (8)”, disse. A sessão foi encerrada.
Na noite desta terça, o presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo, cancelou a sessão que estava marcada para quarta-feira. Ainda não há nova data para avaliação do parecer do relator.
Fonte: Jornal Nacional