Ao completar um ano do início do aperto monetário para combater a inflação, o Banco Central elevou pela nona vez seguida a taxa básica de juros, a 11 por cento ao ano, e indicou nesta quarta-feira que o ciclo pode estar perto do fim, deixando a porta aberta para isso ocorrer já em maio.
A alta de 0,25 ponto percentual da Selic, a segunda seguida nesta intensidade, era amplamente esperada, mas o Comitê de Política Monetária (Copom) surpreendeu ao alterar o teor de seu comunicado.
O Copom disse que “decidiu, por unanimidade, neste momento, elevar a taxa Selic em 0,25 p.p.” e que “irá monitorar a evolução do cenário macroeconômico até sua próxima reunião, para então definir os próximos passos na sua estratégia de política monetária”.
Até então, o BC iniciava os comunicados sobre a Selic com a expressão “dando prosseguimento ao processo de ajuste da taxa básica de juros”, o que deixava o caminho claramente pavimentado para mais altas na Selic.
“Para uma mensagem breve e lacônica, (houve) bastante alteração de sinalização. Na próxima reunião (em maio) deve haver nova alta, se não houver surpresa, mas a continuidade do ciclo para além disto fica improvável. Afinal, são muitas as ressalvas e condicionantes”, afirmou em nota o economista-chefe do banco Fator, José Francisco Gonçalves.
Pesquisa da Reuters mostrou que todos os 62 analistas consultados esperavam alta de 0,25 ponto percentual da Selic na reunião desta semana.
Na visão do economista-chefe do Banco Safra, Carlos Kawall, o BC irá monitorar dois fatores: a inflação e o câmbio.
A valorização de 15 por cento do dólar em relação ao real no ano passado ajudou a pressionar a inflação, mas a moeda norte-americana perdeu força neste ano e acumulou no primeiro trimestre queda de 3,74 por cento ante o real.
“Não há nada no câmbio que indique uma piora. Por outro lado, a expectativa é que a inflação não vai ajudar no cenário até a próxima reunião. Por isso continuo com o cenário de alta na próxima reunião e talvez em julho”, disse Kawall. “Claro que julho ficou mais duvidoso, mas acredito que ele eleve na próxima reunião.”
Fonte: Reuters