O Papa Francisco presidiu nesta Sexta-feira Santa (18) no Coliseu romano sua segunda Via Crucis, em que se recorda o calvário de Cristo até a sua crucificação. O drama dos imigrantes, dos pobres, dos doentes, dos idosos, desempregados e prisioneiros dominou seu sermão.
O pontífice chegou às 21h local (16h, no horário de Brasília) ao famoso monumento em Roma, onde milhares de pessoas, turistas e religiosos, a maioria com tochas, estavam à espera do líder da Igreja.
Francisco, de 77 anos, participou, como no ano passado, do rito a partir do terraço do Palatino, em frente ao imponente anfiteatro romano, sem percorrer a pé as 14 estações, que descrevem os principais acontecimentos das últimas horas de vida de Jesus.
Segundo a lenda, foi no Coliseu onde os cristãos eram jogados aos leões durante as perseguições dos primeiros séculos depois de Cristo.
Este ano, a Via Crucis leva a marca de Francisco, que encomendou a redação das meditações que são lidas a cada estação ao bispo italiano de Campobasso (sul), Giancarlo Bregantini, conhecido por sua luta contra a máfia.
“A pesada cruz do mundo do trabalho e o peso de todas as injustiças que provocaram a crise econômica com suas consequências sociais” foram denunciadas desde o início do caminho pelas estações.
Uma delas falava de “todos os erros que criaram a crise econômica e suas graves consequências sociais: insegurança no emprego, desemprego, demissões, uma economia que governa em vez de servir, especulação financeira, suicídio entre empresários, corrupção e usura e a queda da indústria local.”
Outras citavam a situação das mulheres agredidas, crianças violentadas, idosos solitários e confinados em casa, prisioneiros que sofrem torturas, vítimas do crime organizado e de agiotas.
Padre Giancarlo, que em sua juventude foi operário, também relatou em seus textos a situação dos refugiados, o tráfico de seres humanos, as drogas, o álcool e o abuso da máfia, que no dia de sua ordenação como bispo, em 1994, colocou uma bomba sob seu altar.
A cada estação, a cruz era carregada por trabalhadores, empresários, imigrantes, prisioneiros, órfãos e doentes.
Vários telões foram instalados para que os peregrinos e turistas que vieram a Roma para a Páscoa pudessem acompanhar o rito.
A Via Crucis é transmitida ao vivo em 50 canais de televisão de muitos países.
Em poucas palavras, no fim da cerimônia, Francisco exortou a multidão a “lembrar de todas as pessoas abandonadas” e falou sobre a “monstruosidade do homem” quando ele se deixa guiar pelo mal.
Fonte: G1