Google lança Allo, chat ‘inteligente’, em português no Brasil

Pouco mais de dois meses após lançar o Allo em inglês, o Google traz ao Brasil nesta segunda-feira (5) a versão em português do app de mensagens. A inteligência artificial dentro do chat faz dele não só um canal de comunicação mas também uma forma de executar ações sem sair da conversa, como obter informações na internet, traçar rotas em mapas, rodar vídeos no YouTube e agendar compromissos.

O Brasil é apenas o terceiro mercado a receber uma variante local do aplicativo – Estados Unidos foram o primeiro, seguidos da Alemanha. No caso do Allo, isso faz diferença porque usar o serviço é ter o Google sempre pronto a intervir em uma conversa com amigos. E, para isso, ele precisa entender o papo. E precisa entender do que se trata o papo. Por isso, o Allo fala de novela, do Facebook, dá informações sobre Neymar, Cristo Redentor, MASP e até ensina a cozinhar arroz e feijão (separadamente e não necessariamente nessa ordem). 

@google

Lançado em setembro como uma tentativa de fazer os serviços do Google entrarem cada vez mais na conversa das pessoas sem que elas percebam, o Allo recorre a ferramentas já existentes, como Pesquisa, Maps e YouTube. O assistente entra em ação toda vez que se escreve uma mensagem iniciada por @google ou quando se aciona o “chatbot” diretamente.

A chegada do app ao Brasil antes de estrear na maioria dos países europeus faz parte da estratégia do Google de focar em mercados emergentes, afirma Nick Fox, vice-presidente de comunicações do Google, ao G1. “Se nós olharmos para a próxima geração de usuários que está vindo, a próxima geração de consumidores, eles estão no Brasil, na Índia, nas Filipinas, na Indonésia”, diz Fox. “Nós pensamos que esses mercados são os próximos a atingir a marca de um bilhão de usuários.”

O cérebro por trás do Allo é o Assistente Google, um sistema de inteligência artificial capaz de interagir com humanos para compreender algumas necessidades dos usuários. O assistente está presente em outros produtos do Google como o Home, um dispositivo que controla aparelhos conectados, e teve seu grau de relevância elevado ao tomar o lugar do Google Now nos smartphones Pixel, os primeiros feitos pelo Google.

Fonte: G1

Ministério Público boliviano prende diretor-geral da Lamia

Os procuradores do Ministério Público da Bolívia que realizaram nesta terça-feira uma operação de busca e apreensão na sede da Lamia na cidade de Santa Cruz de la Sierra prenderam o diretor-geral da companhia aérea, Gustavo Vargas Gamboa, e confiscaram documentos e computadores dentro de sua investigação sobre o acidente que causou a morte de 71 das 77 pessoas que estavam a bordo da aeronave que levava a delegação da Chapecoense a Medellín, na Colômbia.

Os procuradores detiveram Vargas no escritório da Lamia e o levaram à sede do Ministério Público Departamental de Santa Cruz.

Vargas Gamboa é um ex-militar da Força Aérea Boliviana que entre 2001 e 2007 foi o piloto de vários presidentes do país, incluído o atual, Evo Morales.

Além de Vargas, foram detidos uma secretária e um técnico da companhia, que também foram conduzidos à sede do Ministério.

Vargas é o pai de Gustavo Vargas Villegas, até a semana passada um dos funcionários do alto escalão da Direção Geral de Aeronáutica Civil (DGAC) e que foi suspenso de suas funções devido à investigação sobre o funcionamento da companhia aérea.

Os procuradores ordenaram as prisões após ficarem várias horas revisando a documentação e os computadores da empresa. O material foi confiscado e levado em duas caminhonetes à sede do Ministério Público.

As prisões aconteceram na véspera de uma reunião, em Santa Cruz, de autoridades judiciais de Bolívia, Brasil e Colômbia que investigam a tragédia com o único avião da Lamia.

O procurador-geral da Bolívia, Ramiro Guerrero, disse ontem que a investigação em seu país sobre o caso está aberta a princípio por um crime de descumprimento de deveres, mas que “certamente pode chegar a crime de homicídio culposo” contra os responsáveis.

Fonte: Agência EFE

Procuradores veem crime de desobediência em ação de Renan

A decisão da Mesa Diretora do Senado de apoiar a atitude de Renan Calheiros (PMDB-AL) de não acatar a determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio Mello, de afastá-lo da presidência da Casa é vista por procuradores da República como um crime de desobediência.

Integrantes do Ministério Público Federal ouvidos reservadamente pela reportagem usam a expressão “golpe institucional” para classificar a resistência do Senado – capitaneada por Renan – em cumprir uma decisão da Suprema Corte.

Neste caso, o crime de desobediência não teria sido cometido só por Renan, mas por toda a Mesa Diretora que assinou na tarde de ontem o comunicado no qual se recusa a cumprir a decisão do STF.

A avaliação nos bastidores da Procuradoria-Geral da República é de qualquer decisão judicial precisa ser cumprida, independentemente de ser monocrática.

A Mesa do Senado informou que iria aguardar o julgamento do caso pelo plenário do STF, previsto para ocorrer na quarta-feira, 7.

“O Supremo tem de fazer valer sua decisão”, avalia um procurador. O crime de desobediência não gera, necessariamente, prisão. Isso porque aqueles que desobedeceram a ordem legal podem, oficiados sobre o suposto crime, se comprometer ao comparecimento em juizado criminal para prestar esclarecimentos.

Desde a segunda-feira, 5, o oficial de justiça responsável por intimar Renan sobre a decisão de Marco Aurélio não conseguiu fazer com que o senador assinasse a notificação.

Mesmo assim, o peemedebista pode ser considerado “cientificado” se o oficial considerar que a intenção do senador foi evitar o cumprimento da decisão do STF.

O ministro Marco Aurélio Mello também pode fazer uma requisição de investigação por crime de obediência. Após a sessão da 1ª Turma do STF, o ministro permanece em seu gabinete.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não participa, até o momento, de avaliações sobre o caso Renan.

Desde o início da tarde, quando a Mesa Diretora anunciou a decisão apoiar a decisão de Renan, Janot cumpre agenda interna com autoridades internacionais.

Fonte: EXAME

Senado pede que STF anule atos de ação que resultou em afastamento de Renan

O Senado entrou com pedido no Supremo Tribunal Federal (STF) para que a Corte anule todos os atos processuais da ação que deu origem à liminar que afastou o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) da presidência da Casa, sob argumento de que o Senado não foi ouvido no processo.

A ação de arguição de descumprimento de preceito fundamental (ADPF) impetrada pela Rede argumentava que um réu não poderia estar na linha sucessória da Presidência da República. Renan tornou-se réu na semana passada em uma ação em que é acusado de peculato.

Pela Constituição, o presidente do Senado é o terceiro na linha sucessória. Como Michel Temer foi alçado da Vice-Presidência à Presidência com o impeachment de Dilma Rousseff, o presidente do Senado ocupa atualmente o posto de segundo na linha sucessória.

Na ocasião em que a Rede entrou com a ADPF o alvo da medida era o então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e a Câmara foi chamada a se manifestar sobre o caso. O Senado afirma que, como também seria afetado pela decisão, deveria ter sido ouvido.

“(A Mesa do Senado requer que) seja reconhecida a nulidade de todos os atos processuais desde o ajuizamento da ação, e, em especial, da designação de pauta para julgamento e dos atos de julgamento até então realizados”, afirma a petição enviada pelo Senado ao Supremo.

O STF começou em novembro a analisar a ADPF da Rede, mas o julgamento foi interrompido por um pedido de vistas do ministro Dias Toffoli, quando já havia maioria no plenário da Corte favorável à tese de que réus não podem estar na linha sucessória da Presidência da República.

Assim, após Renan tornar-se réu na semana passada, a Rede entrou na segunda com pedido liminar para que o senador alagoano fosse afastado da presidência do Senado até a conclusão do julgamento da ADPF.

O relator do caso, ministro Marco Aurélio Mello, decidiu de forma monocrática conceder a liminar afastando Renan ainda na segunda-feira. A Mesa do Senado, nesta terça, rejeitou a liminar, decidindo aguardar que o plenário do STF se manifeste. Renan também entrou com recurso contra o afastamento. O plenário do Supremo analisará o caso nesta quarta-feira.

O episódio agravou ainda mais a crise institucional entre Legislativo e Judiciário, após Renan fazer críticas a um juiz de primeira instância, fazendo com que a presidente do STF, Cármen Lúcia, saísse em defesa do Judiciário, e de o senador patrocinar um projeto sobre abuso de autoridade criticado por magistrados.

Fonte: Reuters

Meio século de trabalho por aposentadoria integral: Entenda proposta de Reforma da Previdência

Os brasileiros vão precisar trabalhar por mais tempo para garantir a aposentadoria.

Esse foi o recado principal do governo ao detalhar nesta terça a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que inclui uma Reforma da Previdência Social.

O texto foi enviado na segunda à noite ao Congresso, onde precisa ser aprovado. Segundo o presidente Michel Temer, as novas regras vão ajudar a manter a sustentabilidade das contas públicas diante de um buraco crescente do setor previdenciário.

Entre as principais alterações estão o tempo mínimo de contribuição à Previdência, que passa de 15 anos para 25 anos, e a idade mínima de aposentadoria para homens e mulheres, fixada em 65 anos. Mudam também as normas para a pensão por morte e aposentadoria rural.

Diante de tantas modificações propostas, muitos se perguntam: elas são muito duras ou estão dentro de um padrão razoável?

Especialistas entrevistados pela BBC Brasil dividem-se sobre o tema. Parte deles considera que os 65 anos representam um limite excessivo para um país em desenvolvimento, onde a expectativa de vida não é das mais altas. Outros, no entanto, argumentam que grandes economias já tinham adotado uma idade mínima – e que o Brasil demorou a fazê-lo.

Conheça abaixo os principais pontos da proposta e as análises sobre ela.

Idade mínima e tempo de contribuição

Hoje, os brasileiros podem se aposentar por idade ou por tempo de contribuição.

No primeiro caso, os homens precisam ter 65 anos e mulheres, 60 – ambos devem ter contribuído por pelo menos 15 anos. No segundo, não há idade mínima exigida e basta que homens tenham contribuído por 35 anos e mulheres, 30.

Com a reforma, o tempo mínimo de contribuição passa para 25 anos e o de aposentadoria, para 65. Os fatores, portanto, passam a ser conjuntos: é preciso preencher os dois requisitos para receber o benefício.

Nesses termos, quem se aposentasse receberia 76% da média dos salários de contribuição, acrescidos de um ponto percentual para cada ano de contribuição. Para chegar a 100% desse valor, sempre respeitando o teto de R$ 5.189 do INSS, uma pessoa teria que trabalhar 49 anos.

O professor de economia da FEA-USP José Roberto Savoia considera tais condições excessivas. Ele diz que em países com expectativas de vida mais altas, como Alemanha e França, é possível chegar aos 100% da média de contribuições em 43 anos.

A diferença fica ainda mais gritante quando são comparadas as expectativas de vida ao nascer. Na Alemanha, por exemplo, a dos homens é de 83 anos. No Brasil, o número fica em 71,9.

“Quase 50 anos é muito puxado para a realidade brasileira. (Com as novas regras), se alguém começa a trabalhar aos 18 anos, tem que ir até os 68 para ter o benefício integral.”

De acordo com Savoia, muitos dos que conseguem um emprego cedo não contribuem por tanto tempo porque ficam, em algum momento, fora do mercado formal. Hoje, essas pessoas, normalmente de classes mais baixas, se aposentam por idade – aos 65 anos para homens e 60 para mulheres, e 15 anos de contribuição. Com as novas regras, precisarão comprovar os 25 anos de contribuição.

Além da informalidade, a proposta de reforma não levou em conta outras transformações do mercado de trabalho, diz Jorge Félix, professor convidado da USP e autor de vários livros sobre o assunto.

Ela afirma que, para reduzir os custos, muitas empresas estão cortando os salários mais altos, demitindo pessoas com mais de 40 anos, que não conseguem voltar ao mercado e param de contribuir.

Félix também cita a precarização das vagas, fazendo com que muitos brasileiros não tenham a carteira a assinada e também parem de contribuir para a Previdência.

“A idade mínima penaliza os mais pobres, que começaram a trabalhar mais cedo sem registro e não podem comprovar os 25 anos. E também a geração Y, que já está sofrendo com a fragilização do mercado. Vamos criar um exército de pessoas que não vão conseguir se aposentar.”

Por outro lado, os 65 anos são considerados “bem razoáveis” pelo professor de economia da FGV e PUC-SP Nelson Marconi.

Ele diz que, com os novos padrões, o governo vai privilegiar quem entra mais cedo no mercado. Segundo o professor, cria-se um incentivo para que as próximas gerações comecem a contribuir quando jovens.

“Alongar o período de contribuição é necessário, porque a população está envelhecendo.”

Na mesma linha, o professor de Contabilidade da USP Luís Eduardo Afonso afirma que a mesma idade mínima é usada em outros países da América Latina e Europa, e acrescenta que, dada a situação das contas públicas, o governo demorou para sugerir a medida.

Ele elogia o aumento de 1% no valor do benefício a cada ano de contribuição.

“É um incentivo para que os brasileiros adiem a aposentadoria, o que dá um alívio para o sistema. A importância (de contribuir) vai ficar mais clara na cabeça das pessoas.”

Ele concorda que os mais pobres serão afetados, mas diz que apenas no médio prazo.

“É provável que um grupo que conseguiria comprovar os 15 anos de contribuição (na regra atual) vai ter que trabalhar mais para comprovar o período adicional.”

Segundo Afonso, os brasileiros de renda mais alta – que hoje entram no mercado cedo, se aposentam por tempo de contribuição (35 para homens e 30 para mulheres) e normalmente param de trabalhar aos 50 e poucos anos – serão os mais prejudicados.

Regras de transição

Se aprovadas no Congresso e sancionadas por Temer, as novas regras não valerão para todos os brasileiros. Homens que têm mais de 50 anos e mulheres com mais de 45 entram no grupo de transição, que seguirá normas intermediárias.

Eles pagarão um “pedágio” de 50% do tempo de contribuição que ainda fala na regra atual: a fórmula 85/95. Ela fixa a idade de acesso à aposentadoria com base na soma da idade com o tempo de contribuição: 85 para mulheres e 95 para homens.

Para obter o benefício pelo teto do INSS, também segue valendo a regra atual, ou seja, pela média dos maiores salários.

Nas regras atuais, uma mulher de 50 anos e 33 de contribuição soma 83 pontos e precisaria de mais dois anos para se aposentar. Com o “pedágio” de 50%, o tempo aumentaria para três anos.

Para o professor Jorge Felix, a transição vale para um conjunto muito restrito, que está à beira de se aposentar com todos os anos de contribuição comprovados. Mas voltaria a excluir os informais ou os desempregados que deixaram de contribuir – e perderam anos nessa conta.

“Uma parcela minúscula teve tanta estabilidade para se beneficiar dessa condição.”

Já Luís Eduardo Afonso, da USP, vê padrões que poderiam ser ainda mais rigorosos e diz que o Brasil já fez coisas parecidas em outras tentativas de reforma.

“Talvez o governo tenha colocado uma transição menos dura do que gostaria, até pelas reações que poderia causar. Essa está no meio termo.”

Servidores públicos e militares

Se aprovada, a Reforma da Previdência vai equiparar os direitos e benefícios de trabalhadores do setor privado e do público.

No caso dos servidores públicos com menos de 50 anos (homens) ou 45 anos (mulheres), e que ingressaram no serviço antes de 2003, será extinta a chamada “integralidade”, o recebimento da aposentadoria com base no salário integral do servidor.

Também está previsto o fim da “paridade”, que faz com que o benefício dos aposentados acompanhe os reajustes dados aos servidores ativos.

Segundo os entrevistados, essas mudanças são importantes para colocar todos os brasileiros no mesmo patamar, pelo menos no aspecto previdenciário.

Os rombos da previdência do setor público e do INSS – onde estão os profissionais da iniciativa privada – são semelhantes, mas o primeiro tem menos gente e salários muito mais altos.

Apesar de aprovarem a medida, os economistas acham que elas não terão um impacto tão grande no curto prazo.

“Para o futuro é perfeito, porque está dizendo que não vai ter diferenciação, mas para o presente continua o deficit.”

Eles questionam também o fato de militares, que correspondem a 45% do rombo da Previdência dos servidores da União, terem ficado de fora. Só em 2015, o deficit previdenciário dos servidores, incluindo militares aposentados e pensionistas, chegou a R$ 72,5 bilhões.

Os economistas apontam razões políticas, como o forte lobby que o grupo tem no Congresso, para o governo evitar as medidas.

Fonte: BBC Brasil