Casos de ebola passam de 10 mil, com 4.922 mortos

O número de pessoas que se acredita terem contraído o vírus ebola passou de 10 mil, indicando que a doença continua se espalhando, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Segundo a agência, o número de casos confirmados, prováveis e suspeitos subiu para 10.141, sendo que já foram registradas 4.922 mortes. Cerca de 200 novos casos foram registrados desde o último relatório, divulgado há quatro dias.

A OMS alertou para a possibilidade de os números estarem subestimados, já que muitas pessoas nos países mais afetados não procuram ajuda médica.

Fonte: Associated Press

‘Voto dado é voto apurado’, diz presidente do TSE na televisão

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Dias Toffoli, fez um pronunciamento na noite deste sábado (25) em cadeia nacional de rádio e TV no qual afirmou que “o voto dado é o voto efetivamente apurado”.

Ele pediu ainda que os eleitores “reflitam e decidam com tranquilidade”. Toffoli ressaltou que, no primeiro turno, mais de 115 milhões de eleitores “foram às urnas, tranquilamente e demonstraram ao mundo, mais uma vez, a fortaleza de nossa democracia e das nossas instituições”.

O ministro aproveitou para agradecer os servidores da Justiça Eleitoral, juízes e os mais de dois milhões de mesários que trabalharão no domingo para que as eleições transcorram normalmente.

Fonte: G1

Um voto consciente, por uma discussão por menos rasteira

Marcada por ataques, mentiras e paixões de todos os lados, a campanha presidencial deste ano, que tinha tudo para ser um simples registro de poucas linhas nos livros de história, será, sem dúvidas, um capítulo à parte. Não sei se as ideias em que acredito sairão disso tudo vitoriosas (embora tenha fé de que algumas essenciais sim). Mas tenho certeza de que começamos a construir um Brasil mais consciente, arrancando nossas máscaras e revelando tanto nossas virtudes quanto nossas mazelas. Rebeldes, conformados, conciliadores, sonhadores ou intolerantes, começamos a perder o medo de dizer e defender o que pensamos.

O Brasil ainda está longe de ter uma sociedade plenamente consciente dos regimes que lhe regem. Tenho ensino superior, leio todos os dias, discuto a vida e o mundo cotidianamente com gente que lê, pesquisa, analisa e vive o Brasil Real. Mas tenho clara consciência de que não sei de quase nada. Até morrer, aprenderei só mais um pouco. É por isso que acho que não precisamos (nem podemos) esperar nos transformarmos numa imensa Ágora de iluminados para tomarmos parte nas decisões que impactam nossas vidas.

A discussão principal que precisa ser tomada daqui para a frente é sobre democracia. Não a ideia vaga e superficial de simplesmente defender as instituições, respeitar a Constituição como um livro de dogmas e votar a cada dois anos para eleger representantes que, na prática, não sabemos quem são nem o que farão. Trata-se de buscar saber a que e a quem, na verdade, as instituições estão servindo. Quem, por que e para quem estão sendo feitas as leis. E questionar o modelo de participação e representação que adotamos como único caminho possível e tentam fazer parecer ser inquestionável.

Mas agora temos uma decisão pragmática a tomar. Neste domingo (26), elegeremos o novo presidente da República. E, embora eu acredite que esse seja apenas um detalhe relevante de um processo muito mais amplo, não há como negar seu caráter determinante para o sucesso ou fracasso dos avanços que queremos (melhor: dos quais precisamos).

Tenho total convicção de que as candidaturas postas têm inúmeros pontos convergentes, que as deixam bem mais próximas do que ambas pregam ser. Um governo tucano pode mudar, redefinir regras e achar um jeito mais capitalista de lidar com programas sociais. Mas não vai extingui-los. Mais um governo do PT pode não enxergar o mercado como um tradicional norte-americano, mas não vai transformar nossa economia de mercado em uma república soviética.

O debate no segundo turno acentuou a superficialidade de ambos os candidatos perante o eleitor e ficou a impressão de que temos que escolher entre um candidato que vai acabar com o Bolsa Família e um que vai transformar o Brasil na Coreia do Norte. É o que um diz sobre o outro. Mas não é o que nenhum vai ser. Nem é isso que está em jogo. E eles sabem disso.

AS DIFERENÇAS

Apesar das várias convergências, as candidaturas que disputam a presidência divergem em pontos cruciais, que podem definir rumos bastante distintos para o Brasil, enquanto conjunto, e para a vida de cada um de nós, individualmente. É nesse trecho em que a estrada se bifurca. E aí precisamos escolher o caminho por onde vamos seguir.

Vou votar em Dilma Rousseff. Antes de tudo, porque, com a polarização e a exacerbação das distinções, foi ao seu lado que se uniram, como há muito não se via, a maior parte das propostas progressistas postas na mesa nestas eleições. E, sim, sei que lá também estão velhas raposas. Mas são as mesmas que estarão em qualquer um dos lados, conforme a conveniência, e estarão no governo, independente de quem vencer. Por outro lado, enxergo o projeto apresentado pela candidatura tucana como o legítimo representante do mais do mesmo, que não se constrange em posar de novo, para apresentar as mesmas velhas ideias. No máximo, uma estrada diferente para o mesmo lugar. E uma estrada diferente cheia de pedágios caros a serem cobrados por fundamentalistas e intolerantes de todos os tipos: religiosos, econômicos, financeiros, políticos.

Vou dar um voto maquiavélico. Macunaímico. Não é um voto cego. É o voto possível. Sei do jogo sujo. Tudo que há dos dois lados. É duro para mim, para você, para todo mundo que não aceita fazer nada errado. Até para você que fura fila, suborna guarda, não devolve o troco que recebeu a mais, que está na lista de funcionários do deputado para receber salário sem trabalhar, é difícil aceitar que um governo se suje para fazer o que precisa ser feito. Eu gostaria que não tivesse sido assim e vou continuar me mobilizando como puder para que uma reforma política de verdade saia do papel e moralize o jogo. Mas é preciso reconhecer que o sistema, até aqui, é e continua cruel. O PT se sujou para governar. Pagou deputados e senadores para eles aprovarem projetos. E me arrisco a dizer que, sem esses crimes, pouca coisa teria andado. Por que nós elegemos presidentes para fazerem certas mudanças, mas esquecemos que são os parlamentares que têm as chaves dos portões.

Ao mesmo tempo, a candidatura de Aécio Neves faz um discurso moralista com relação ao dinheiro público, e o candidato, com sua oratória impecável, tenta fazer parecer que destinar verbas públicas para empresas de sua família, dirigir embriagado e sem carteira ou perseguir jornalistas são meros deslizes que o arrependimento absolve. Seu partido comprou votos de parlamentares com um fim bem menos nobre que o PT: aprovar a reeleição. Seu partido não vê problema e, quando governou, atuou para que as doações de empresas a campanhas eleitorais, proibidas pela Constituição de 1988, fossem permitidas. Por isso, acho que, se o cálculo for feito considerando apenas as pontuações dos erros, vamos ficar no zero a zero.

SAINDO DO ZERO A ZERO

Nos acertos, o PT conseguiu ir mais longe. Tirou milhões da miséria, ampliou o acesso à educação e tem ajudado a transformar as relações sociais num país que estava acostumado a se assentar entre a casa grande e a senzala. Por mais que seus adversários não reconheçam, o PT também ajudou a dinamizar a economia e, com exceção dos incompetentes e dos sem caráter, duvido que apareça aqui um rico que diga que ficou menos rico porque o PT está no poder.

Para corrigir as brechas do nosso Estado, que abre caminho para corrupção e má gestão, só o PT apresentou até aqui propostas concretas (http://mudamais.com/daqui-pra-melhor/dilma-anuncia-5-pontos-para-combate-impunidade-no-brasil).

É preciso dizer também que, diante de problemas sérios, que nenhum governo até aqui conseguiu resolver definitivamente, como a violência, as propostas de Aécio Neves me parecem mais uma maneira de, na melhor das avaliações, jogar para baixo do tapete. A redução da maioridade penal como solução para a violência é um sofisma grave. É querer resolver um problema pela consequência, em vez de pela causa. Enxugar gelo. Assusta também a proposta de, como em Minas Gerais, transformar o sistema prisional em um negócio. Criar uma indústria que, para lucrar, vai querer sempre mais pessoas presas (Veja aqui reportagem sobre o assunto, feita pelos representantes do Wikileaks no Brasil: http://apublica.org/2014/05/quanto-mais-presos-maior-o-lucro/).

Por fim, acredito que, das candidaturas postas, só a do PT tem uma direção mais clara de como pretende lidar com as demandas por maior participação da sociedade nas decisões políticas. Do PSDB, espero no máximo uma relação de consumo, em que eu serei cliente e eles serão os prestadores de serviço, num mercado sem fiscalização e regras que me deem garantias. Não quero ser consumidor do mundo em que vivo. Faço questão de ser cidadão.

Por Simão Mairins