Manifestantes de Hong Kong ameaçam abandonar diálogo

Os manifestantes pró-democracia de Hong Kong confrontaram apoiadores do governo chinês no distrito de Mong Kok no início do sábado pelo horário local, um embate tenso que minou as esperanças de conversas para pôr fim a uma semana de tumultos.

Os conflitos começaram no final de sexta-feira e envolveram as pessoas que exigem uma democracia plena na ex-colônia britânica, incluindo um sistema de votação livre quando escolherem um novo líder em 2017, e os moradores que querem o fim das manifestações.

Os manifestantes disseram acreditar que as gangues de criminosos conhecidas como Tríades, cuja base está no densamente povoado Mong Kok, estiveram envolvidos.

A polícia interveio para evitar uma escalada na violência, mas uma multidão turbulenta de cerca de duas mil pessoas ocupou um importante cruzamento nas primeiros horas de sábado, e a atmosfera continuou carregada enquanto policiais usando vestimentas do batalhão de choque tentavam controlá-las.

As passeatas em toda Hong Kong variaram de intensidade desde domingo, quando a polícia usou gás lacrimogêneo, spray de pimenta e cacetetes para tentar apaziguar o tumulto, o pior em Hong Kong desde que a China retomou o controle do território em 1997.

Houve ocasiões em que dezenas de milhares de pessoas se reuniram para bloquear ruas e edifícios em áreas centrais, na prática forçando seu fechamento.

Ativistas estudantis, grupos de protestos bem organizados e cidadãos comuns uniram forças e colocaram Pequim diante de um de seus maiores desafios políticos desde que o governo chinês reprimiu violentamente os protestos pró-democracia na Praça da Paz Celestial em 1989.

Um dos maiores grupos de estudantes por trás do movimento de protesto “Occupy Central” afirmou que irá se retirar das conversas planejadas com o governo de Hong Kong por acreditar que os ataques aos manifestantes em Mong Kok foram realizados em conluio com as autoridades.

“Hoje o governo e a polícia foram coniventes com o ataque das Tríades… contra ocupantes pacíficos, por isso fecharam as portas ao diálogo e devem enfrentar as consequências”, declarou a Federação de Estudantes de Hong Kong em um comunicado enfático.

No dia 31 de agosto, a China decretou que irá selecionar os candidatos que quiserem concorrer ao cargo de executivo-chefe de Hong Kong, e os manifestantes direcionaram sua revolta ao executivo-chefe de Hong Kong, Leung Chun-ying, que é apoiado por Pequim.

No início da semana, Leung rejeitou as exigências dos manifestantes para que renuncie, e ele e seus aliados chineses deixaram claro que não irão ceder.

Entretanto, ele se ofereceu para conversar com líderes do movimento, que abalou a imagem de Hong Kong como centro financeiro estável. Mas, apesar de sua aparente concessão, a China reafirmou sua oposição aos protestos e a uma votação inteiramente livre em Hong Kong.

Fonte: EXAME

Presidente do TSE defende fim da reeleição para prefeitos

A reeleição trouxe avanços institucionais para a Presidência da República e para os governos estaduais, mas o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), José Antonio Dias Toffoli, defende que ela seja abolida para as disputas municipais, para evitar o fortalecimento de oligarquias familiares.

Essa mudança deve fazer parte de uma reforma política, que também deveria abranger o fim das coligações proporcionais, um limite de gastos para as campanhas eleitorais, uma novo sistema eleitoral baseado em distritos para eleições legislativas, a criação de uma cláusula de barreira para os partidos e o fim do financiamento eleitoral por empresas.

“Sou contrário a aboli-la para candidatura à Presidência da República, porque o Brasil é muito complexo. Governar o Brasil é muito difícil”, argumentou o ministro Dias Toffoli em entrevista à Reuters nesta sexta-feira.

“Passou os dois primeiros anos, o café já é servido frio porque a perspectiva é da decadência”, disse.

Para Dias Toffoli, a possibilidade de reeleição permite que o governante atravesse as dificuldades políticas sem rupturas, como ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor de Mello, que deixou o cargo num processo de impeachment em 1992.

“O Fernando Henrique instituiu a reeleição e passamos a ter uma maior rigidez da institucionalidade da figura da Presidência da República e veja que o Fernando Henrique passou por momentos de crise”, argumentou o presidente do TSE.

“O (ex-presidente Luiz Inácio) Lula (da Silva) passou momentos de crise no primeiro mandato, que talvez se não tivesse a possibilidade de reeleição talvez ele tivesse caído”, prosseguiu.

“Imagina a crise do mensalão de 2005. Com a figura do presidente que não tem a chance de disputa da reeleição, ele (Lula) poderia ser derrubado”, analisou Toffoli. 

Ele também considera válida a reeleição para os governadores estaduais, mas defende que nas disputas municipais elas deveriam ser abolidas.

“Nas prefeituras, nas localidades, eu acho isso pernicioso porque essa figura histórica das oligarquias familiares se eternizem no poder”, disse.

Fonte: Reuters